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Para fugir do PMMA: entenda quais são as substâncias mais recomendadas para procedimentos estéticos

Apesar de ser liberado pela Anvisa, o PMMA não é uma substância indicada para fins estéticos e casos recentes nos mostram isso. Se você decidiu fazer um procedimento, é importante redobrar a atenção na hora de procurar um profissional e escolher a melhor - e mais segura - opção. A dermatologista Roseli Siqueira, em conversa com Marie Claire, orienta e lista substâncias consideradas seguras segundo a medicina

Não é de hoje que casos envolvendo PMMA e procedimentos estéticos que não dão certo aparecem na mídia. O mais recente, de Mariana Michelini, foi assunto não apenas no Brasil, como no mundo. A influenciadora digital foi vítima de uma harmonização facial feita com PMMA. Neste caso, ela acreditava que o produto inserido em seu rosto era o ácido hialurônico, popularmente usado para o procedimento e que pode ser retirado de maneira mais fácil. Após acordar com inchaço e lutar por cerca de dois anos para retirar o produto, Michelini precisou se submeter a uma cirurgia e perdeu o lábio superior.

Ela não é a primeira! Em 2023, a modelo e jornalista Lygia Fazio começou a ter complicações de saúde após uma aplicação de silicone industrial e PMMA nos glúteos. As substâncias, que se espalharam pelo corpo de Fazio, causaram infecções e, depois de inúmeras cirurgias para retirar os produtos, sofreu o AVC que levou a sua morte.

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Com o ‘boom’ de procedimentos estéticos, é importante ficarmos atentos às substâncias colocadas no nosso corpo. Afinal, quais são as mais seguras? A dermatologista Roseli Siqueira, membro da International Society of Dermatology e diretora clínica e fundadora do Art Beauty Center, responde: “Temos a chamada dermatologia regenerativa, dermatologia do futuro, como os golden fillers, preenchedores feitos da nossa própria gordura, e os bio fillers, que são feitos do nosso próprio plasma rico em plaquetas (PRP).”

“Temos ainda os bioestimuladores de colágeno, que são substâncias à base de ácido polilático e hidroxiapatita de cálcio. Eles são injetados normalmente no subcutâneo, que é a camada mais profunda da derme, e têm o intuito de estimular o colágeno. Não podemos esquecer do ácido hialurônico, que contribui para o volume; e a toxina botulínica, para rugas”, explica.

Roseli detalha o principal motivo que faz do ácido hialurônico um produto mais seguro do que o PMMA. “O PMMA é um produto extremamente sintético, ele é tipo um silicone de carro, que é injetado para volumizar. Infelizmente é o que nós tínhamos há 25 anos, quando não existia ácido hialurônico para injetar. Mas sabemos que ele realmente não sai do corpo humano. Já com o ácido hialurônico é mais fácil retirar, porque a hialuronidase derrete bem o produto. Inclusive, a Sociedade Brasileira de Dermatologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica abominam a prática do PMMA.”

É importante ressaltar que o PMMA é liberado pela Anvisa, mas para casos específicos. “O PMMA (polimetilmetacrilato) é uma substância em forma de microesferas plásticas que é utilizado em alguns procedimentos estéticos, como preenchedor definitivo. Ele é liberado pela Anvisa, mas é para um uso muito restrito, como pequenos preenchimentos de volume, principalmente para pacientes com lipodistrofia, condição causada pelo HIV, que leva a uma reabsorção da gordura facial.”

Segurança em foco
Segundo Roseli, a harmonização facial e os procedimentos estéticos, de maneira geral, devem ser feitos de acordo com a queixa do paciente e o ácido hialurônico não é a única opção. Algumas são:

– Golden fillers, um tipo de preenchimento, que é realizado com a própria gordura do paciente;

– Bio Fillers, um tipo de preenchimento que usa o plasma rico em plaquetas (PRP), uma injeção com sangue (que é rico em plaquetas) do próprio paciente, como o nome diz;

– Toxina botulínica, que age bloqueando os sinais nervosos que causam a contração muscular e, consequentemente, as rugas e linhas de expressão, principalmente ao redor dos olhos;

– Os bioestimuladores de colágeno (Sculptra e Radiesse), que promovem um processo inflamatório controlado para auxiliar no aumento de colágeno. Assim, melhoram a definição do contorno facial;

– Os fios de sustentação (PDO), que são inseridos na derme com o uso de agulhas hipodérmicas, criando uma tração na área que a pessoa se queixa de flacidez;

– Fora as substâncias, temos ultrassom micro e macrofocado, para estimular o colágeno; laser de picossegundos (PicoSure Pro); e a radiofrequência microagulhada (Potenza), que tem alto poder de regeneração de colágeno;

Roseli comenta que nenhum procedimento estético está livre de possíveis problemas. Por isso, é importante procurar um bom profissional, que realize uma anamnese (entrevista realizada pelo profissional de saúde para saber detalhes sobre o paciente) antes de iniciar o processo.

“É impossível prever as reações com antecedência, já que não temos controle sobre elas. Por isso, antes da realização de qualquer procedimento, o profissional deve fazer a anamnese junto ao paciente, para entender melhor o seu perfil clínico e evitar possíveis riscos. Vale ainda fazer um teste genético, que ajuda a entender mais sobre a pele e o organismo do paciente, inclusive se ele pode ter algum tipo de reação ao ser submetido a tratamentos injetáveis”, informa a dermatologista.

Em casos de erro no procedimento, a primeira ação do paciente deve ser a procura imediata de profissionais de saúde. “Converse com o profissional que realizou o procedimento. Explique suas preocupações e os resultados insatisfatórios que você está enfrentando. Muitas vezes, o profissional pode oferecer orientações ou soluções para corrigir o problema. Dependendo do caso, pode ser necessário procurar tratamentos corretivos para resolver as complicações ou ajustar os resultados do procedimento estético.”

“Vale lembrar que existem algumas técnicas, como a hialuronidase, uma enzima que pode diminuir ou tirar o ácido hialurônico. Um tipo de laser também contribui para minimizar os efeitos da toxina botulínica, pois ele vasodilata a região da aplicação e elimina a substância. Mas no caso do PMMA, é muito difícil”, finaliza.

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