Acordar cedo, consultar os melhores horários do vento, preparar o equipamento, carregar o carro e partir para velejar por paisagens exuberantes. Essa é a descrição das férias perfeitas para a carioca Renata Americano, de 41 anos. Apaixonada por kitesurf, a diretora criativa viaja mensalmente durante a temporada de ventos para praticar o esporte. Foi através dele que ela conheceu destinos nacionais como a Ilha do Guajirú, a Praia do Preá, os Lençóis Maranhenses e a Barra Grande do Piauí. “Meu marido e eu costumamos fazer o downwind: velejar de um local a outro de acordo com o sentido do vento, em percursos que chegam a quase 80 quilômetros por dia”, conta ela, que também é adepta do ciclismo e aspirante do motocross. “Na nossa família, todas as viagens são marcadas de acordo com a modalidade que poderemos praticar. Virou uma tradição e até nossos filhos participam.”
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Renata não é a única que prefere trocar a calmaria das férias tradicionais por uma boa dose de aventura. Descobrir novos lugares por meio do seu esporte favorito tem conquistado viajantes em um movimento batizado de “turismo da endorfina”, que atrai interessados em experiências saudáveis, imersivas e de conexão com a natureza. Segundo a Organização Mundial do Turismo, a tendência (que engloba viagens para a prática de atividades esportivas e para eventos do setor) apresenta um dos crescimentos mais acelerados do mercado. Responsável atualmente por 10% dos gastos em viagens ao redor do mundo, a estimativa é de que o setor cresça 17,5% até 2030.
Atuando há mais de dez anos no mercado de turismo esportivo, Petrus Ravazzano, fundador da agência Athlete Superior Logistics, atribui o aumento na procura por esse tipo de viagem à busca por maior qualidade de vida. “Percebemos uma mudança no comportamento do consumidor. Hoje, o esporte ultrapassou o papel de hobby e se tornou um lifestyle”, explica. Focada nas modalidades de ciclismo e triatlo, mas com pacotes ocasionais para práticas na neve, a agência oferece training camps, que reúnem por volta de 20 atletas amadores de diferentes níveis para vivenciar um esporte de maneira intensiva por até dez dias em um destino internacional.
“Quem contrata o nosso serviço quer ter zero estresse, por isso contemplamos todos os aspectos da viagem. Temos guias e treinadores experientes para liderar treinos, mecânicos de bicicleta e carros de apoio, e práticas para recuperação muscular. Organizamos visitas turísticas para uma imersão cultural e também pensamos em programas para os acompanhantes”, completa Petrus. Parte das viagens da agência inclui ainda a participação de um atleta renomado da modalidade durante uma atividade do grupo. Neste ano, o norte-americano Andy Potts, oito vezes campeão do Ironman e um dos grandes nomes do triatlo, será o convidado. “A ideia é tornar o passeio inesquecível em todos os aspectos”, completa.
De olho na demanda crescente, os hotéis também passaram a incluir alternativas para atrair esportistas e aspirantes. Caso do La Coralina Island House, localizado no arquipélago de Bocas del Toro. Hotspot de surfe no Panamá, oferece ao hóspede a possibilidade de produzir com antecedência uma prancha sob medida e dispensar o despacho do equipamento na hora do embarque, além de contar com um guia que leva os surfistas até as melhores ondas das ilhas. Adepta das viagens de surfe, a empresária carioca Camilla Malheiros, de 31 anos, já visitou o hotel e outros empreendimentos que proporcionam facilidades para os praticantes da modalidade. “Esse tipo de conforto ajuda a atingir o desejo de qualquer surfista: ter mais tempo e melhores condições para aproveitar o mar”, diz.
O senso de comunidade é outro fator que conquista adeptos ao turismo da endorfina. “Nas viagens esportivas, existe uma afinidade como plano de fundo, por isso é um ótimo lugar para se fazer amigos”, fala Petrus. Mas é a adrenalina que deixa a experiência mais especial. “É difícil até de explicar, mas, ao conhecer um novo lugar por meio do esporte, você vive cenas que jamais vai esquecer. Mistura o encantamento com a paisagem, o prazer da atividade física, a sensação de liberdade… É viciante e, sem dúvida, um jeito diferente de se conectar com um destino”, completa Camilla.
Veja abaixo hotéis que garantem vivências exclusivas para quem deseja se mexer sem abrir mão do conforto.
Casana Hotel, Brasil
Um dos pontos altos para os praticantes de kitesurf que se hospedam no Casana Hotel, na Praia do Preá, no Ceará, é o lounge pé na areia. Todos os aparatos para o esporte estão disponíveis, assim como instrutores de plantão. A propriedade com apenas sete bangalôs tem piscina de borda infinita, serviço de barco e um bar para recarregar as energias. casana.com
Amangiri, Estados Unidos
Localizado em Utah, nos Estados Unidos, o Amangiri é hit entre os amantes de hiking e escalada. Com os cânions do Planalto do Colorado como plano de fundo, o hotel oferece quase 20 quilômetros de trilhas demarcadas. Para os aventureiros, o circuito Cave Peak Via Ferrata tem plataformas e cabos de aço fixados às superfícies rochosas para subida e uma escada suspensa a cerca de 120 m do solo. aman.com
Niyama Private Islands, Maldivas
O resort cinco estrelas Niyama Private Islands, nas Maldivas, tem uma onda para chamar de sua. Batizada de Vodi, ela só pode ser surfada pelos hóspedes. Entre os serviços, o hotel oferece um “guru” que dá aulas para iniciantes e profissionais que buscam aprimorar sua técnica, além de um fotógrafo para capturar as imagens no mar. niyama.com