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Lily Gladstone fala sobre reconhecimento histórico no Oscar

Atriz usou um vestido feito por Sabato De Sarno, atual diretor criativo da Gucci, em colaboração com o artista nativo Joe Big Mountain

Todos os olhos estavam voltados para a estrela de Assassinos da Lua das Flores, Lily Gladstone, uma das indicadas ao prêmio de Melhor Atriz na 96º edição do Oscar. Foi um momento histórico para a atriz de origem Siksikaitsitapi e NiMíiPuu, que fez história como a primeira indígena norte-americana a ser indicada na categoria. “Não sei se algum dia irei compreender totalmente, mas sei que não é apenas para mim”, disse Gladstone à Vogue sobre seu reconhecimento no Oscar. “Está comigo, sob meus cuidados por um tempo, mas é algo que carrega um significado para muito mais pessoas”. Refletindo sobre o filme de Martin Scorsese que a colocou sob os holofotes globais este ano, a atriz diz que está muito grata por aqueles ao seu redor que tornaram tudo possível. “Meus novos amigos e familiares Osage, minha nova família cinematográfica”, diz ela. “Os artistas, estilitas, stylists e escritores que elevaram a mim e uns aos outros durante toda esta temporada”.

Naturalmente, o look de Gladstone para o tapete vermelho do Oscar prestou homenagem à sua comunidade, dando continuidade a sua abordagem cuidadosa em relação aos trajes dessa temporada de premiações. A artista usou sua visibilidade para destacar estilistas indígenas. Ela e o stylist Jason Rembert queriam um design que trouxesse a representação dos povos originários norte-americanos no tapete vermelho mais assistido e celebrado de Hollywood. Seu look personalizado foi desenhado pelo diretor criativo da Gucci, Sabato De Sarno, e pelo artista nativo Joe Big Mountain (Ironhorse Quillwork) — um Mohawk, Cree e Comanche, conhecido por suas joias “quillwork”, uma forma de arte sagrada e ancestral, transmitida de geração em geração por povos indígenas da América do Norte. “Lily é um talento incrível. A escolha da Gucci para vesti-la neste momento histórico é uma honra”, diz De Sarno sobre a parceria especial. “Criar um vestido que transmitisse beleza e jogasse luz sobre os estilistas e a arte originária, transmitida de geração em geração, é poderoso. A colaboração com Joe e [sua esposa] Sunshine na Itália representou um momento especial para mim”.

Juntamente com Big Mountains, De Sarno criou um design Gucci de veludo azul marinho com um corpete e uma capa da mesma cor adornada com motivos florais de penas. “Uma coisa que eu queria utilizar eram cores que eram importantes para ela”, diz Joe Big Mountain sobre os detalhes nas costas. “Os azuis, verdes e vermelhos eram importantes para ela”. Esse elemento artesanal ressoou em Gladstone assim que ela experimentou o vestido. “Pude literalmente sentir o amor transbordando em cada pena e conta — o vestido estava vivo”, diz ela. “A conexão do luxo máximo [da] Iron Horse e da Gucci foi um sonho desde o primeiro dia. Foi tão brilhante que chorei”.

Para costurar à mão a capa de veludo do vestido, Big Mountains reuniu uma equipe de artistas nativos na reserva Oneida, em Wisconsin, e eles bordaram 216 pétalas individuais de penas. Entre os artistas escolhidos para o projeto estavam Kendrick Powless-Crouch, Jossalyn Metoxen, Seven Oshkabewisens, Dionne Jacobs, Paige Skenandore e Aryien Stevens. “Ser convidado por Lily para fazer esta colaboração com a Gucci significa muito para nossa família e nossa comunidade como um todo”, diz Sunshine. “Ser um artista nativo, mostrar ao nosso povo até onde ele pode chegar é tremendo. Essa oportunidade nos deu sonhos que nem sabíamos que tínhamos”.

Gladstone planejou incorporar referências nativas em seu look no Oscar. “Porque, assim como a indicação em si, é histórico, e deve ser celebrado pelos povos nativos de todos os lugares”, diz ela. A atriz acrescenta que foi apropriado usar o quillwork por ser uma técnica enraizada em sua tradição. “O quillwork reflete o mais longo legado de artesanato vivo na minha região do país”, diz ela. “É extremamente significativo culturalmente para muitas nações, incluindo a Blackfeet. Cresci observando trabalhos do tipo; em nossos toucados, nossos trajes. O primeiro par de brincos que comprei foi de quillwork, feito por Bob Tailfeathers em casa”.

Essa colaboração no Oscar não aconteceu da noite para o dia. A ideia surgiu em maio, quando Gladstone combinou Gucci e Joe Big Mountain em um look durante o evento Kering Women in Motion. Pouco tempo depois, eles decidiram se unir para criar um vestido especial que seria o primeiro feito em colaboração entre uma marca de alta-costura de luxo com um artista nativo para o Oscar. “Sempre sonhei que esse look seria construído em torno do trabalho deslumbrante de Joe”, diz Gladstone. “Sua mão é imaculada e seu senso de equilíbrio de cores é fresco, único e incomparável. É possível sentir a vida em suas peças requintadas”.

Foi um marco para Big Mountains ter a oportunidade de criar para o Oscar. “Lily poderia ter escolhido qualquer pessoa no mundo para desenhar seu vestido neste momento monumental de sua vida, e ela me escolheu — apenas uma criança nativa que cresceu querendo ser um artista, tentando ganhar a vida”, ele diz. “Isso é um verdadeiro reflexo de quem somos como povos indígenas: não importa a situação, queremos que todos façam parte”.

O look marcante no Oscar dá continuidade aos esforços de Gladstone para dar visibilidade a estilistas nativos contemporâneos como Jamie Okuma e Keri Ataumbi durante a temporada de premiações. Foi um feito poderoso, já que eles raramente recebem o reconhecimento que merecem em Hollywood. Para Rembert, stylist da atriz, a jornada foi diferente de qualquer campanha de imprensa que ela já fez. “Colaborar com Lily nesta temporada de premiações foi nada menos do que transformador, e marcou um dos capítulos mais enriquecedores e gratificantes da minha carreira”, diz Rembert. “Conseguimos fazer parceria com muitos artesãos nativos talentosos que ajudaram a dar vida a todos os seus looks”.

Este não foi o único design da collab entre a Gucci e Joe Big Mountain que Gladstone usou na noite especial. Para a tradicional festa da Vanity Fair, ela usou um vestido preto com capa de mangas curtas, franjas de miçangas e bordados de quillwork ao longo do decote.

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