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‘Posso Chegar Onde Eu Quiser’

Atriz. Cantora. Dançarina. Modelo. Aos 17 anos de idade, Duda Pimenta é tudo isso – e ela sonha com muito mais. Ela começou sua carreira bem cedo, aos 7 anos, no programa infantil O Zoo da Zu, do canal Discovery Kids. “Conheci pessoas incríveis, trabalhei com diretores sensacionais e aprendi muito.”

Depois, entrou para o elenco da novela As Aventuras de Poliana, que, inclusive, vai ganhar um filme no cinema ainda este ano, em 30 de novembro, e também fez a sequência da produção do SBT, Poliana Moça. “A gente gravou esse filme no Rio de Janeiro durante um mês e foi maravilhoso. A história tem romances, brigas, dança, e a gente causou muito na gravação. Eu já sou uma pessoa bagunceira, então imagina, né.

Ela recorda os quatro anos de gravação das duas novelas e a importância da representatividade trazida pela sua personagem, Kessya. “Foi surreal fazer parte disso, até porque a Kessya é uma personagem inspiradora pra muita gente. É uma menina preta que mora em uma comunidade, ganha uma bolsa para estudar em uma escola particular e acaba sofrendo muito racismo e preconceito, mas nunca abaixa a cabeça; pelo contrário, ela sempre enfrenta. Eu aprendi muito com ela e quis mostrar isso para as meninas e meninos pretinhos que estavam me assistindo também e falar que podemos, sim, chegar onde quisermos, se a gente estudar, acreditar em si mesmo e nunca abaixar a cabeça para ninguém.”

FICO IMAGINANDO: ‘EU SOU TIPO UMA BEYONCÉ PRA PESSOA’. É FANTÁSTICO

Quando uma pessoa chega em mim na rua e fala: ‘Minha filha se inspira em você’, eu nem acredito, fico chocada. Mas, desde o começo, essa foi a minha ideia mesmo, ser uma inspiração para várias pessoas, e eu quero ainda conquistar muitas outras. É surreal para mim, porque eu me inspiro muito na Beyoncé, por exemplo. Então, fico imaginando: ‘Eu sou tipo uma Beyoncé pra pessoa’. É fantástico. Tenho que agradecer de verdade por essa oportunidade e por esse carinho”, diz ela, que também se inspira em nomes como Taís Araújo, Iza, Rihanna e Ludmilla.

Dorothy pés no chão

ALMIR VARGAS/CAPRICHO

Em cartaz no musical O Mágico de Oz, no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, Duda Pimenta também leva sua própria versão da icônica personagem que deve percorrer a estrada de tijolos amarelos, Dorothy.

Eu já conhecia a história, mas quis trazer uma Dorothy diferente, mais empoderada, mais confiante das suas decisões e, ao mesmo tempo, uma Dorothy preta. Quis trazer essa inspiração mesmo para as pessoas pretinhas, porque, quando eu era pequena, não tinha essa visão de que um preto poderia ser protagonista de um musical, de uma novela. Mas, vivendo isso, eu falo: ‘Podemos sim, eu posso chegar onde eu quiser’”.

Na música TMJ, em colaboração com a rapper e amiga MC Soffia, lançada em novembro de 2022, ela já tinha mostrado atitude ao falar sobre sororidade e empoderamento feminino: “Amiga, te falei desde o início, ele não passava de um boy lixo, mas tamo junta, cê tá ligada. Dança que passa, foi ele que perdeu, que não te deu valor, agora vai te ver tocando o terror. O modo perigosa foi ativado com sucesso, neste nosso show ele foi o ingresso”.

Embora tenha demonstrado uma personalidade extrovertida e confiante no ensaio de capa da CAPRICHO, Duda nos lembra de que ainda é uma jovem artista que vai se questionar em uma nova experiência, como qualquer outro jovem, e foi o que viveu ao aceitar o desafio de protagonizar seu primeiro musical.

“No começo, eu estava muito insegura, porque tenho vergonha de cantar na frente de várias pessoas. Pensava: ‘E se eu errar lá no meio, o que que eu faço? E se eu errar a música?’. A gente ensaiou bastante por um mês, de segunda a sábado, mas o elenco me recebeu de braços abertos, eu estou conseguindo me soltar cada vez mais e descobri um lado meu que eu não conhecia. Sempre gostei muito de cantar, mas quando apresento o musical, eu percebo: ‘Caraca, eu sou apaixonada por isso’, por conta da magia do musical, porque o calor que a gente recebe do público na hora é surreal, muito diferente da televisão.”

Aham, nossa Beyoncé

ALMIR VARGAS/CAPRICHO

Por falar em novos marcos na carreira, Duda é, pela primeira vez, capa de uma revista digital com a CAPRICHO. “Isso nunca passou pela minha cabeça! Eu tô surtando! Eu realmente fico em choque, porque falo: ‘Eu tô trabalhando tanto e olha onde eu tô chegando’.

Por falar em sonhos, uma de suas primeiras paixões foi a moda, motivada por sua própria mãe, Fernanda Pimenta. Desde então, carrega a vontade de se tornar estilista.

“Minha mãe sempre foi muito estilosa e queria estudar moda quando era adolescente. Assim que eu virei modelo e passei a tirar fotos e a entender esse mundo da fotografia, comecei a me encantar por desfiles e ficava pensando: ‘E se eu desenhasse as minhas próprias roupas? E se eu criasse um desfile no futuro?’. Fui me apaixonando por moda, desenhando croquis e, desde pequena, coloquei na minha cabeça que queria ser estilista”, lembra.

Ao mesmo tempo, influenciada por uma tia que era atriz de teatro, começou a se envolver no mundo artístico e percebeu que era esse o caminho que queria seguir. “Mas ainda não desisti do sonho de ser estilista, futuramente eu quero pensar mais sobre isso e pensar na minha marca, que é meu sonho.”

DESDE QUE ME CONHEÇO POR GENTE, SOU APAIXONADA PELO MICHAEL JACKSON. EU FICAVA HORAS ASSISTINDO AOS CLIPES DELE E TENTANDO INVENTAR E COPIAR OS PASSOS.
Duda Pimenta

Decidida, a garota de 17 anos se prepara para estudar dança na Coréia do Sul, fazendo aulas de inglês e coreano semanalmente. “Eu quero fazer faculdade de dança e cinema por lá, então estou estudando e me preparando bastante. E eu quero também focar muito mais na minha carreira internacional, tanto como cantora e atriz.

Sua história com a dança também tem raiz ancestral, devido à conexão de sua família com o samba. “Meus avós dançavam muito samba rock, minha avó sai em escola de samba, e minha família sempre gostou muito de hip hop. E, desde que me conheço por gente, sou apaixonada pelo Michael Jackson. Eu ficava horas assistindo aos clipes dele e tentando inventar e copiar os passos. Aí, minha mãe decidiu me colocar no balé, fui pra ginástica artística e rítmica e, depois, para o hip hop.

Não me achava bonita

E dar conta de tudo isso sendo jovem não é fácil. Duda se forma no Ensino Médio no ano que vem e, hoje, faz aulas online e só vai para a escola para fazer prova, o que a ajuda a manter a rotina. “Às vezes, falo: ‘Caraca, é muita coisa, né?’. Porque eu quero ser tudo também (risos). Estilista, cantora, dançarina… Mas, eu sempre tive uma base muito forte com o apoio da minha família. Eles sempre acreditaram nos meus sonhos, e minha mãe sempre batalhou muito para realizá-los. Eu falo que o meu objetivo é ser uma Jennifer Lopez da vida, e eu tô correndo atrás.” Tanto é que, no tempo livre, o descanso é a palavra perfeita. “Gosto muito de dormir (risos), mas eu também amo juntar toda a família e assistir filme todo mundo junto, passar tempo com a minha família e com os meus amigos.”

FALAVAM QUE O MEU CABELO ERA FEIO, ENTÃO MINHA AUTOESTIMA ERA PÉSSIMA. EU NÃO ME ACHAVA BONITA

Na infância, no entanto, as faltas na escola eram, inclusive, motivo para que os colegas a excluíssem dos grupos, além do racismo que sofreu por conta do seu cabelo crespo, o que a fazia querer alisá-lo.

Todo sábado eu pedia pra minha mãe me levar no salão. Nunca cheguei a relaxar, sempre foi só escovar. Porque falavam que o meu cabelo era feio, então minha autoestima era péssima. Eu não me achava bonita. Só que eu vi as minhas tias e as mulheres da minha família que sempre pintavam o cabelo, raspavam, colocavam dread, e minha mãe sempre falou: ‘Você pode fazer tudo no seu cabelo, pode raspar, pintar. Mas se você chegar aqui com o cabelo liso, eu não vou aceitar, porque o seu cabelo é bonito’. Meu cabelo sempre foi bonito, sempre. Mas, naquela época, uma cabeleireira também errou o corte e tive que cortar todo o meu cabelo e esperar crescer. A minha autoestima estava bem lá embaixo. Mas, depois, com o apoio de toda a minha família, eu comecei a me aceitar e a receber carinho de outras pessoas. Depois que eu comecei a fazer O Zoo da Zu e a minha personagem usava uns penteados maravilhosos, moicano, o penteado xuxinha, abacaxi, eu ficava: ‘É isso, vou pra escola assim, não vou nem desfazer o cabelo’, e foi aí que eu comecei a me aceitar.”

Além de sonhos grandiosos, o que Duda deseja para comemorar os seus 18 anos é uma festona de respeito – e que já está sendo planejada e uma transformação capilar.

Eu falo: ‘O Brasil não está preparado para Duda Pimenta com 18 anos’. Não sei se vou cortar o cabelo bem curto e platinar ou se pinto de ruivo, mas vou fazer uma mudança para marcar os 18 anos e uma festa que vai ser um Carnaval fora de época com um abadá como convite para as pessoas personalizarem. E a minha família já é uma família doida, então eu já tô vendo eles dançando até o chão. Queria muito também chamar cantores de axé, sabe? Ai, meu sonho! Vou pensar alto, porque a gente tem que pensar alto e acreditar no sonho, mas quem sabe o Leo Santana.

Para concluir nossa conversa, Duda deixa uma mensagem para quem a admira e, como ela, sonha em seguir uma jornada artística. “O conselho que eu dou é: estudem muito, muito, muito. Confiem no sonho de vocês e saibam que vocês não estão sozinhas nesse mundo tóxico e perigoso. E, caso vocês precisem de alguma coisa, meu Instagram tá sempre aberto para mensagens, eu gosto de responder muita gente e tirar dúvidas. Acreditem mais em vocês!”. <3

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