Preocupados com a disseminação de informações equivocadas divulgadas no YouTube, a Comissão Nacional de Mamografia divulgou na segunda-feira (15) uma nota de alerta.
Em parceria, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) alegaram se verem no dever de publicar um “esclarecimento em resposta a vídeos publicados recentemente na mídia eletrônica (YouTube), que disseminam de maneira irresponsável informações distorcidas sobre a detecção e diagnóstico do câncer de mama”.
O comunicado explica que, sendo a principal causa de morte por tumor no mundo, o câncer de mama é o mais frequente entre os tipos de tumores desenvolvidos entre as mulheres. E que, no Brasil, devido a “falta de programas de rastreamento adequados ou a baixa adesão da população aos programas oferecidos”, a mortalidade por este tipo de câncer continua aumentando.
A importância da mamografia
No comunicado é enfatizado que a mamografia é o único exame com eficácia comprovada na redução da mortalidade, quando realizado sistematicamente em mulheres assintomáticas na faixa etária a partir dos 40 anos.
“As principais sociedades médicas do mundo são unânimes em recomendar o rastreamento mamográfico com uma periodicidade anual ou bienal, a depender do país. No Brasil, as sociedades médicas recomendam o rastreamento mamográfico anual para as mulheres entre 40 a 75 anos“, explica a nota.
Há também um alerta quanto a eficácia do autoexame como método de rastreamento, por este ser capaz de detectar o tumor apenas “quando o mesmo já está em uma fase adianta, não tendo estudo que comprove qualquer benefício para a redução da mortalidade”.
Sobre os riscos à saúde
Outros pontos que a nota buscou esclarecer foram os relacionados ao risco de desenvolver câncer justamente por causa dos procedimentos de examinação. “O risco de câncer radioinduzido é extremamente baixo, tendo em consideração as doses de radiação envolvidas em cada exame. E não existe estudo que demonstre que os riscos excedem os benefícios, na faixa etária recomendada”.
As entidades apontam ainda que a “citação de absurdos como ‘uma biópsia leva a desenvolver câncer’ foge a compreensão de qualquer médico com um mínimo de conhecimento na área oncológica”.
A nota finaliza com a Comissão reforçando sua revolta com a disseminação de tais vídeos, que podem induzir muitas mulheres a desconsiderar a realização da mamografia.
“Isso pode significar a perda da chance de detectar o tumor de mama em uma fase inicial, em que se pode oferecer a possibilidade de cura e tratamentos menos agressivos”, conclui.