Na semana do Dia Mundial do Meio Ambiente, convidamos a consultora em moda e sustentabilidade Giovanna Nader a listar algumas mudanças que podem ser feitas em nossos armários. Apesar de projetos de leis serem iniciativas muito importantes, como aqueles que recentemente têm desencorajado o uso de canudos plásticos em diversas cidades do mundo, mudanças em nossos hábitos e em nossas formas de consumo podem ser fortes aliados na preservação ambiental.
Criado do Projeto Gaveta, evento que organiza a troca de roupas entre pessoas (o próximo ocorre neste fim de semana, dia 10.6, no Rio de Janeiro) Giovanna explica que muitos tecidos, peças e acessórios que usamos no dia a dia são prejudiciais. Abaixo, ela aponta cinco ações fáceis para adotar:
Fuja dos tecidos sintéticos
Sabe aquela etiqueta que tem do lado de dentro da roupa que a gente nunca olha? Lá estão as informações de todos os materiais usados naquela peça (além das instruções de uso e lavagem que fazem a peça durar mais). Alguns materiais demoram milhões de anos para se decompor, como o Poliéster e Poliamida, tecidos sintéticos que contêm plástico em sua composição. Esses tecidos, além de não deixarem sua pele respirar, provocam mau cheiro quando você fica muito tempo exposta ao sol e são altamente poluentes ao meio ambiente.
Evite ao máximo comprar um jeans novo
O jeans é um dos principais poluentes da indústria da moda devido ao seu processo de tingimento químico. Para se fabricar uma única calça jeans gasta-se cerca de 3 480 litros de água, o equivalente a 53 chuveiradas de sete minutos. Em vez de comprar um jeans novo, vale garimpar peças já existentes em brechós, bazares ou usar a criatividade para customizar o que já tem em casa.
Upcycling é o hit do momento
Upcycling é o processo de criar algo novo e melhor a partir de itens já existentes no mercado. Um exemplo é você pegar aquela sua saia que não está sendo mais usada e, a partir dela, criar uma nova peça como, por exemplo, um vestido; ou fazer aquela calça antiga virar shorts, camisa virar saia e por aí vai. Aqui as possibilidades são infinitas, basta colocar a mão na massa e a criatividade no ar. Mas se você não está a fim de fazer trabalhos manuais no momento, já existem diversas marcas lançando mão desse conceito, como o Re-roupa, Mig Jeans e Comas.
Leve a sério a questão da boa qualidade
Prefira qualidade a quantidade. Com o dinheiro que você gasta comprando cinco calças que ficarão largas com o tecido gasto em algumas lavagens, invista em uma peça boa que durará por muitos anos.
Mas cuidado porque peças de marcas famosas não necessariamente significam boa qualidade. Muitas apenas te enganam, pois possuem valor de marca, mas a qualidade é de fast fashion. Boa qualidade normalmente é vista quando a peça continua com aspecto de nova mesmo após algumas lavagens, quando não desbota e nem a costura sai do lugar. Fique de olho na composição da peça. Prefira peças sem mistura de tecidos e com fibras naturais como 100% algodão ou linho. Além da qualidade, invista em peças atemporais. Ao fazer a compra, pergunte se você a usará pelos próximos 10 anos. Se a resposta for sim e ela combinar com seu estilo pessoal e personalidade, então compre.
Abra seu coração para peças de segunda mão
Sou apaixonada por peças de segunda mão e essa paixão foi crescendo ao longo do tempo. É um hábito checar se as peças que quero estão disponíveis em segunda mão e aprendi com a prática a arte do garimpo. Além de você encontrar peças únicas e exclusivas, elas têm tecidos bons, pesados, e, claro, são mais baratas. Abuse dos brechós, projetos de troca de roupa, como o Projeto Gaveta, e marcas de upcycling. É uma ótima maneira de ter roupa “nova” no armário e sem causar impacto negativo adicional ao meio ambiente, uma vez que a peça já foi produzida.