Na areia da praia, debaixo do sol do alto verão, a água de coco é unanimidade. Há algum tempo, passou a ser item essencial também nas geladeiras e lancheiras de quem busca um estilo de vida mais saudável de volta à rotina urbana. O consumo só cresce. De acordo com a última pesquisa da consultoria Euromonitor (2016), em apenas dois anos houve um aumento de 41%. “Além de saborosa, tem alto potencial hidratante, é rica em sais minerais, vitaminas e fibras”, diz a nutricionista Vanessa Leite, do Rio de Janeiro. Para os atletas, funciona como isotônico, capaz de repor nutrientes perdidos pelo suor.
O aumento do interesse pela dieta equilibrada e o perfil cada vez mais exigente dos consumidores levaram a indústria alimentícia a oferecer opções com sabor e qualidade o mais possível próximos do natural, mas com maior durabilidade. “No processo de industrialização, alguns nutrientes podem ser perdidos e outros, como conservantes, açúcares e antioxidantes naturais, acrescentados à formula”, explica a nutricionista Ursula Romano, do Rio de Janeiro. Claro que há uma série de obrigações a ser cumpridas pelos fabricantes em nome da garantia da integridade do alimento, mas é preciso ter ciência de que esses métodos podem alterar a composição e as calorias da bebida – e, por isso, é importantíssimo estar atenta ao rótulo antes de colocar a compra no carrinho.
Muda também o formato do produto. As clássicas versões em caixinha ganharam uma série de concorrentes: água de coco em lata e até em pó. Além disso, clubes de assinatura garantem entregas da bebida in natura a domicílio e na frequência desejada. A variedade impressiona e também pode levar a decisões precipitadas caso você não esteja ciente do que é importante pesar na hora de escolher. “Quanto menos ingredientes constarem no rótulo, melhor”, avisa a engenheira de alimentos Simone Flôres, diretora do Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A seguir, entenda quais as diferenças entre os tipos.
Conheça os processos
A polêmica mais recente envolvendo a bebida é um concentrado de água de coco utilizado por alguns fabricantes para otimizar a produção – na embalagem, vem identificado como água de coco reconstituída. “Trata-se da bebida transformada em pó, à qual, posteriormente, é acrescentada água com açúcares (frutose ou sacarose) e conservantes. Isso já descaracteriza um produto natural”, explica a nutricionista Mariellen Emídio Figueroa, do Kurotel – Centro Médico de Longevidade & Spa, em Gramado (RS). Esse não é o único método utilizado para as versões industrializadas. De acordo com Simone, existem processos que geram pouca perda de nutrientes, como a esterilização, mas em todos eles é possível ter a inclusão de ingredientes.
Atenção aos ingredientes
Algumas marcas acrescentam nutrientes artificiais à água de coco após a perda dos naturais no processo industrializado. “São conservantes químicos e outros componentes”, diz Simone. Por exemplo: para manter o potencial nutritivo da bebida, algumas marcas adicionam substâncias como vitamina C (que também recebe o nome de ácido ascórbico), antioxidantes sintéticos, além de açúcares (incluindo frutose), com o objetivo de padronizar o sabor. “As águas de coco em pó podem ter também acréscimo de fécula de mandioca e maltodextrina, ambos fontes de carboidrato, o que torna o produto mais calórico”, lembra Vanessa.
Tabela nutricional
Compare o rótulo da embalagem com as informações nutricionais da natural. Os valores valem para cada 100 mililitros da bebida:
Calorias: 19 kcal
Carboidratos: 3,72 gramas
Gorduras totais: 0,2 grama
Proteínas: 0,72 grama
Vitamina C: 2,4 miligramas
Sódio: 105 miligramas
Potássio: 250 miligramas
Magnésio: 25 miligramas
Cálcio: 17,5 miligramas
Quantidade recomendada
Apesar de saudável, a água de coco é indicada com moderação para quem está tentando emagrecer. “Rica em sódio e carboidratos, não deve substituir a água mineral. É apenas um complemento na hidratação diária”, diz a nutricionista Luciana Harfenist, do Rio de Janeiro. Os especialistas recomendam o consumo de 1 ou, no máximo, 2 copos (de 200 mililitros) por dia, in natura ou incorporada a sucos.