Você sabia que um dos testes para identificar o Alzheimer envolve o olfato? Pesquisadores da Universidade de McGill, no Canadá, constataram que a diminuição na capacidade de identificar odores está ligada às proteínas que indicam o avanço da doença. Quem me falou sobre essa relação foi o francês Francis Kurkdjian, perfumista que criou Her, a nova fragrância da Burberry (que chega ao Brasil em 2019), durante uma entrevista em Londres, no mês passado.
Acabei de mudar para o terceiro perfume que uso na vida e, por isso, decidi me aprofundar no assunto. Meu primeiro relacionamento fiel com uma fragrância foi com Parisienne, de Yves Saint Laurent. Depois veio Chance, um dos best-sellers da Chanel. Agora escolhi o Citron Noir, lançamento unissex da Hermès.
Perguntei a Francis o que está por trás desta mudança brusca de notas – de florais superfemininos, fui para um cítrico excêntrico. A explicação, além de uma mudança pessoal na forma de me mostrar para o mundo, está relacionada a um movimento coletivo. “Com a neutralidade de gênero sob os holofotes, as essências híbridas têm ganhado mais espaço.” De fato: três das pessoas mais sofisticadas que eu conheço usam o Santal 33, da Le Labo (marca francesa descolex). Acaba de chegar ao Brasil o Hwyl, da Aesop; e a Natura lançou o [No] Gender – todos compartilháveis. Agora, se assim como eu, você é apegadx ao seu perfume, não se preocupe e siga o conselho de Francis: “Perfume é como o amor, só devemos mudar quando nos apaixonamos por outro”. E o melhor desse mundo novo: essa escolha independe de gênero.
Lançado em 2016, o Replica, da maison Margiela, pode ser compartilhado
A campanha do M/Mink, da sueca Byredo, é híbrida assim como seu cheiro
Lime Basil & Mandarin Cologne (R$ 330, 30 ml), Jo Malone
Hwyl (R$ 527, 80 ml), Aesop
Citron Noir (R$ 544, 100 ml), Hermès
Amadeirado e com fundo de sândalo, o Santal 33, da Le Labo, chega ao Brasil em 2020