Você escolhe o vinho pelo preço ou pela estética do rótulo? Se orienta pela uva ou repara no país de elaboração? Leva em conta o produtor? É provável que diante da gôndola de supermercado você preste atenção em alguns ou todos esses aspectos antes de escolher seu vinho.
Para que você não desperdice seu dinheiro, é essencial saber ler corretamente os rótulos de modo que você possa extrair todas as informações úteis sobre a bebida e não se arrepender da compra. Claro que, antes de degustar, não há como saber se o vinho será de seu agrado ou não, mas as etiquetas podem dar um norte do que esperar da bebida.
As informações contidas na etiqueta variam bastante de país para país. De maneira geral, vinhos produzidos nos países do Novo Mundo – Argentina, Chile, Uruguai, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, só para citar os principais – costumam destacar a uva no rótulo.
Já nos países do Velho Mundo – basicamente a Europa – a uva, com frequência, não é mencionada no rótulo. Ao contrário, região e produtor são as informações mais valiosas para se levar em conta. Vejamos em detalhes.
Rótulos que destacam a uva
Algumas uvas fizeram e continuam fazendo a fama de certos países. Exemplos mais evidentes são a Malbec na Argentina, a Carmenère no Chile e a Tannat no Uruguai. É muito comum, portanto, que os vinhos destes países destaquem a informação da uva no rótulo.
Cada país exige um percentual mínimo de uma uva para que a informação conste no rótulo. De acordo com o guia de vinhos Wine Folly, esta porcentagem é de 75% nos Estados Unidos, Chile e Brasil; 80% na Argentina e 85% em Itália, França, Alemanha, entre outras regiões produtoras.
Um exemplo de rótulo que destaca a uva é o vinho argentino Norton Malbec D.O.C. A etiqueta, contudo, traz outras informações bem úteis. A começar do acrônimo DOC, que indica que o vinho foi elaborado na Denominação de Origem Controlada de Luján de Cuyo, nos arredores de Mendoza, maior região produtora da Argentina.
A indicação geográfica nos dá um norte do que esperar deste rótulo: um tinto de fruta madura, com ameixa e violeta, além de um toque especiaria, como pimenta-do-reino, bom corpo e taninos macios. Enfim, uma bebida amigável para o paladar.
O produtor – Norton, neste caso – também está em evidência. A bodega é uma das mais antigas e premiadas do país. Um consumidor desavisado pode não dar a devida importância, mas quem é familiarizado com o mundo dos vinhos irá em busca desta informação.
Vinhos da Itália, França, Espanha e Portugal tendem a trazer a região de produção como informação destacada no título. Na maior das vezes, a uva não é mencionada porque é comum que em determinadas regiões apenas umas poucas uvas sejam autorizadas.
O vinho italiano Chianti, por exemplo, que é produzido na Toscana, é sempre elaborado com a uva Sangiovese. Um vinho tinto de Bordeaux, na França, também não costuma apresentar as uvas no rótulo porque naquela região as cepas tintas principais são Merlot e Cabernet Sauvignon.
Outro exemplo é o Monsaraz Reserva, elaborado pela portuguesa Carmim. O rótulo indica que a região de produção é o vilarejo de Monsaraz, no Alentejo, ao sul de Portugal. A informação sobre a região é mais importante do que as uvas utilizadas – neste caso, Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Trincadeira – porque nos traz elementos sobre o que esperar desta bebida.
O Alentejo é uma região quente que produz vinhos com aromas e sabores de frutas vermelhas e pretas maduras, teor alcoólico elevado, bom corpo e taninos macios.
Rótulos que destacam o nome
Seja no Novo e Velho Mundo, muitas vinícolas escolhem nomes próprios para seus vinhos. Às vezes são apelidos divertidos e irreverentes como no caso do Putos, linha de tinto, branco e rosé produzida no Alentejo, ao sul do Portugal, e assinada pelos três humoristas Danilo Gentili, Oscar Filho e Diogo Portugal.
Ou como no caso do Marquês de Borba, linha da vinícola João Portugal Ramos, dedicada ao nobre português que, em 1811, recebeu o título de marquês pela então rainha de Portugal, D. Maria I (apelidada de “a Piedosa” e “a Louca”).
Por uma feliz coincidência, as vinhas e adega de João Portugal Ramos estão localizadas na região de Borba, próximo da cidade histórica de Évora. Além disso, um tio do enólogo também recebeu o título de marquês.
A linha conta com Marquês de Borba Colheita, branco e tinto; com Marquês de Borba Vinhas Velhas, branco e tinto; e Marquês de Borba Reserva o grande ícone, produzido apenas em anos especiais.