A informação no rótulo pode constar de muitas formas: vinhas velhas, old vines, vieilles vignes, viñas viejas, alte reben, vigne vecchie, dependendo do país. Quando um vinho é elaborado com uvas de vinhas velhas, os produtores costumam incluir a informação no rótulo para destacar a qualidade superior da bebida.
Mas o que são vinhas velhas? Não existe uma regulamentação internacional e nem as legislações nacionais dos países produtores são muito precisas em relação a isso, mas existe um consenso entre especialistas do setor de que as vinhas começam a serem consideradas velhas após 25 ou 30 anos.
Geralmente, a produtividade começa a decair depois deste período e, por não serem mais rentáveis, as árvores são arrancadas para dar lugar a novas plantas. Muitos produtores, porém, optam por preservar suas melhores vinhas e a partir delas elaborar vinhos premium, ou seja, de baixo volume, mas grande qualidade.
É o caso da produtora portuguesa Filipa Pato que produz vinhos de vinhas com mais de 80 anos, na região da Bairrada, em Portugal. Ou do enólogo João Portugal Ramos que também elabora rótulos de vinhas com 80 anos de idade apenas nas melhores safras.
Videiras antigas originam rótulos mais concentrados em aromas e sabores e estrutura mais elegante, segundo produtores e especialistas. Uma explicação para esta tipicidade seria causada pela profundeza das raízes e pelo vigor controlado das plantas. Elas demonstraram também serem mais resistentes ao estresse climático e às secas.
Há ainda muitos estudos necessários para entender como as características das vinhas velhas se refletem na taça. Um esforço nesta direção é o recém-lançado portal Old Vine Registry, projeto comandado pela renomada crítica britânica de vinhos Jancis Robinson com o objetivo de montar uma base de dados pública de todas as vinhas velhas presentes no mundo.
Segundo os criadores, o estudo das videiras antigas é importante por dois motivos: o primeiro é que, já que essas plantas sobreviveram a décadas ou até séculos de estresses e dificuldades, e precisam de muita menos água que videiras jovens, podem contribuir para entender a resiliência diante das mudanças climáticas da atualidade.
A segunda razão carrega certa dose de romantismo, ou seja, esses vinhedos contam histórias de lugares e pessoas que ali viveram e trabalharam, transmitindo um sentimento de eternidade. Sem contar que produzem grandes vinhos de maior valor agregado.
Que tal experimentar um vinho de vinhas velhas? Confira essas sugestões:
Marquês de Borba Vinhas Velhas Tinto — Foto: Divulgação
Produzido no Alentejo, ao sul de Portugal, a partir de vinhas de em média 35 anos, este tinto tem aromas intensos de frutas escuras, folha de eucalipto e notas de especiarias. No paladar, é muito equilibrado e com taninos arredondados.
Assinado pelo renomado enólogo João Portugal Ramos, este rótulos fermenta em lagares de mármore com pisa a pé e estagia 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. Ótimo para massas com ragu de carne.
Nossa Calcário Tinto — Foto: Divulgação
Elaborado a partir de vinhas com mais de 80 anos pela premiada enóloga portuguesa Filipa Pato, apresenta aromas de frutas vermelhas com notas de menta e tabaco. Em boca é seco, encorpado, com boa acidez e taninos muito bem estruturados. Estagia 18 meses em pipas de carvalho francês, 80% usados e 20% novos. Acompanha carnes vermelhas e carnes de caça.
Quinta de Foz de Arouce Vinhas Velhas de Santa Maria — Foto: Divulgação
Elaborado a partir de vinhas velhas de 80 anos, este tinto assinado por João Portugal Ramos apresenta complexos aromas de frutas vermelhas, como ameixas, e notas de pinho e especiarias. Em boca, é encorpado, denso, equilibrado, com taninos macios e longo final. Amadurece por 14 meses em barricas francesas e tem potencial de guarda de 20 anos.
Luccarelli Primitivo di Manduria Old Vines DOP — Foto: Divulgação
Elegante e sofisticado, este tinto é um autêntico vinho da Puglia, no sul da Itália. Apresenta aromas de ameixa e cereja, notas de tabaco, chocolate e pimenta. Em boca, é aveludado, com taninos finos e macios, e tem um toque de baunilha e café. Amadurece em barris de carvalho francês e americano por 12 meses. Acompanha carnes vermelhas e pratos com temperos fortes.
Moillard Chorey-Les-Beaune Vieilles Vignes — Foto: Divulgação
Um Pinot Noir de muita presença, este vinho tinto da Borgonha é elaborado em Chorey-Les-Beune, caracterizada por rótulos especialmente frutados e macios. Tem aromas de groselha preta e frutas vermelhas e, no paladar, apresenta equilíbrio entre estrutura, acidez e taninos, destacando-se sabores que remetem a frutas vermelhas intensas, com notas de madeira. Amadureceu em barricas francesas por 12 meses. Acompanha carnes vermelhas e suína assadas, além de queijos macios.
Marquês de Borba Vinhas Velhas Branco — Foto: Divulgação
Premiado, este vinho branco é assinado por João Portugal Ramos e possui aromas de frutas cítricas acompanhada de notas tostadas, que harmonizam à perfeição. No paladar, apresenta grande frescor e mineralidade, além de deliciosa untuosidade. Fermentou e estagiou em barris de carvalho durante 6 meses, ao longo dos quais se realizaram batonnages periódicas. Excelente sozinho, mas também com culinária tailandesa.
Nossa Calcário Branco — Foto: Divulgação
Produzido a partir de vinhas velhas, este branco é elaborado com a uva Bical de um único vinhedo localizado em Óis do Bairro, aldeia reconhecida desde o século XIX pela elevada capacidade de criar vinhos brancos, na região da Bairrada, Portugal.
Assinado por Filipa Pato, o rótulo traz o conceito de vinhos autênticos, sem maquiagem, com o mínimo de intervenção e que expressam o melhor do terroir. Combina com queijos, pratos de peixes e saladas.
Moillard Puligny-Montrachet Vieilles Vignes — Foto: Divulgação
Produzido no vinhedo Grand Cru Montrachet, da vila de Puligny-Montrachet, região conhecida pelos ótimos vinhos. A fermentação deste vinho branco ocorre em barricas de carvalho e, posteriormente, estagia 10 meses em barrica para maior complexidade. Apresenta aromas complexos de maçãs verdes, limão cristalizado, chá e notas tostadas, com destacada acidez e mineralidade. É perfeito com vitela ou frango ao molho branco e robalo assado, além de foie gras e queijos como Camembert, Brie Gruyère e queijos azuis.
BEBA MENOS, BEBA MELHOR