Gastronomia

Vinho envelhecido é melhor?

Uma das crenças mais populares no mundo do vinho é de que a bebida melhora com o tempo. Isto, de fato, é verdade para rótulos de alta gama elaborados com tantos cuidados e qualidade que podem evoluir ao longo dos anos, mas a grande maioria dos vinhos que chegam ao mercado é produzida para consumo em até cinco anos.

Em geral, vinhos tintos encorpados, com acidez alta, taninos marcantes e estrutura robusta têm capacidade de envelhecer por décadas – são os chamados vinhos de guarda. Alguns exemplos são os grandes rótulos produzidos em regiões como Bordeaux e Borgonha, na França, ou Piemonte e Vêneto, na Itália. Em Portugal, os renomados enólogos João Portugal Ramos e Filipa Pato elaboram vinhos com excelente potencial de guarda.

O envelhecimento costuma amaciar os taninos, enquanto sabores e aromas ganham complexidade e delicadeza e todas as características da bebida ficam mais integradas. É a elegância que se reflete na taça. Para que isso ocorra, porém, é preciso guardar o vinho em condições adequadas, como temperatura controlada e armazenamento correto.

Contudo, a maioria dos rótulos comercializados todo ano no mundo inteiro são produzidos para serem consumidos jovens e frescos. Isto é verdadeiro sobretudo para brancos e rosés, embora haja notáveis exceções.

Vinhos elaborados para o consumo imediato são excelentes quando jovens e frescos, pois possuem características mais delicadas e aromáticas, mas se passarem por envelhecimento é muito provável que percam sua vivacidade e frescor, perdendo sua prazerosa essência.

A qualidade inicial do vinho e as condições de armazenamento desempenham um papel crucial na sua evolução. Além disso, nem todos os paladares apreciam os sabores desenvolvidos pelo envelhecimento. Portanto, a escolha de apreciar um vinho jovem ou envelhecido é uma preferência pessoal.

Descobrir se um vinho tem potencial de guarda é bastante simples: em primeiro lugar porque estes rótulos costumam ter preços elevados de três ou até quatro dígitos e, segundo, o produtor geralmente informa no próprio site o potencial de guarda. Além disso, adegas, lojas especializadas e supermercados também têm sommeliers que podem indicar as melhores safras para guarda.

Apreciar um grande vinho envelhecido exige um certo conhecimento para que a experiência seja completa. Caso você procure um momento de descontração em companhia de um bom vinho despretensioso, aposte em vinhos jovens e desfrute das suas qualidades frescas e vibrantes.

Confira vinhos que tem potencial de guarda:

Quinta da Viçosa Alentejo DOC

Quinta da Viçosa Alentejo DOC — Foto: Divulgação

Possui aromas intensos de frutos pretos maduros, especiarias e notas de chocolate amargo. Produzido através da pisa a pé em lagares de mármore, o rótulo de João Portugal Ramos tem volume, acidez equilibrada e persistência.

Duorum Reserva Vinhas Velhas DOC Douro

Duorum Reserva Vinhas Velhas DOC Douro — Foto: Divulgação

Vinho português premiado elaborado com vinhas muito antigas, com mais de 100 anos. Apresenta aromas de frutas escuras maduras (amora e cassis), notas florais (violeta), especiarias e toques minerais. Em boca, destacam-se a acidez, os taninos finos e maduros, o equilíbrio e a persistência. Amadureceu em barricas de carvalho francês por 18 meses.

Château Caronne Ste. Gemme

Château Caronne Ste. Gemme — Foto: Divulgação

Vinho francês elaborado em Bordeaux, é muito rico em aromas, com muita fruta vermelha e negra, compota, notas de carvalho e tabaco e um toque de mel. Em boca, destacam-se os taninos presentes, porém macios, a acidez equilibrada e o final persistente. Amadureceu por 12 meses em barrica de carvalho francês.

Quinta do Valdoeiro Reserva DOC Bairrada

Quinta do Valdoeiro Reserva DOC Bairrada — Foto: Divulgação

Este português da Caves Messias é elaborado apenas nos anos em que a variedade Baga atinge a sua expressão plena de identidade. Apresenta aromas complexos de frutos do bosque, lembrando mirtilos, com notas minerais. Em boca, possui ótima estrutura, taninos sedosos e acidez refrescante. Amadureceu por 18 meses em barrica de carvalho francês. A safra 2015, disponível no Brasil, recebeu 90 pontos no Robert Parker.

Marqués de Tomares Reserva DOC Rioja

Marqués de Tomares Reserva DOC Rioja — Foto: Divulgação

Tinto espanhol elaborado na Rioja, a principal denominação de origem da Espanha. Apresenta aromas complexos e intensos de fruta em compota, especiarias, notas animais e baunilha. Em boca, é encorpado, com taninos aveludados e excelente estrutura. Amadureceu 18 meses em barricas de carvalho e permaneceu mais 18 meses em adega antes da comercialização.

Filipa Pato Território Baga

Filipa Pato Território Baga — Foto: Divulgação

Este vinho tinto português, elaborado pela premiada enóloga Filipa Pato, é elegante, estruturado e com excelente acidez. É um vinho complexo com aromas de frutas, como cerejas e ameixas pretas, e notas de tabaco e cacau. Amadureceu 9 meses em barricas e posteriormente 6 meses em adega.

Gernot Langes

Gernot Langes — Foto: Divulgação

Corte de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon e Malbec, este tinto expressa toda a elegância e a tipicidade do terroir de Luján de Cuyo, em Mendoza. Amadureceu por 16 meses em barricas de carvalho francês e estagiou mais 12 meses em adega. Tem complexos aromas de frutas vermelhas maduras e combina com carnes assadas. Tem potencial para envelhecer por 15 anos.

BEBA MENOS, BEBA MELHOR

 

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