Moda

Clube da Preta reúne afro-empreendedores de moda e beleza em caixas mensais

A museóloga Débora Luz tem 168 mil seguidores no Instagram, num perfil em que ela atua principalmente como uma digital influencer de moda e beleza, mas é como empresária que a brasiliense radicada em São Paulo potencializa o trabalho de mais 150 afro-empreendedores que fazem parte da startup Clube da Preta, clube de assinaturas que reúne apenas produtos de moda, beleza e acessórios criados por afrodescendentes de todo o Brasil.

“A ideia surgiu pela necessidade de muitos a minha volta”, diz Débora, que criou o projeto com o namorado, o administrador de empresas Bruno Brígida. “Dentro das minhas redes sociais, sempre fiz questão de valorizar o consumo consciente. Sou eu quem escolho com quem divido meu poder, meu dinheiro… Sempre falei sobre empoderamento, empatia com as mulheres, propor trabalhos e parcerias…”. A ideia, conta ela, veio de conversas com afro-empreededores, que notavam um crescimento nas vendas de seus produtos nos meses de novembro e dezembro “ou em data com cunha racial”. “Nos outros meses, eles não tinham renda nem trabalho full time para se sustentar”, explica.

Em 2017, Débora e Bruno estudaram o mercado e visitaram feiras voltadas ao afro-empreendedorismo e mapearam a produção. “Percebemos que os clubes de assinatura são uma tradição no Brasil”, conta Débora. “As pessoas estavam consumindo de verdade, então, começamos a desenhar o Clube da Preta”, explica ela, que trabalhou meses na ideia até chegar ao formato final.

Dentro de uma caixa, a dupla reúne produtos de moda, beleza e acessórios, que vão de camisetas, turbantes, vestidos, pulseiras, colares, cremes e xampus para cabelo crespo e cacheado, até livros de autores negros, como Marcelo D´Salete, atualmente um dos mais importantes autores de HQ do mundo, premiado com o Eisner, o Oscar dos quadrinhos.

O controle da qualidade dos produtos e a história dos empreendedores são fatores importantes para os empresários serem aceitos na plataforma, que dá a opção de três caixas com produtos diferentes para a vendidos no site clubedapreta.com, com valores que vão de R$ 99,99 a R$ 199,99. “Ano passado, vendemos mais de 10 mil caixas e contamos com 400 clientes recorrentes”, conta Débora.

“Só contamos com feedbacks positivos. Uma designer de moda criou a 370, por exemplo, que trabalha apenas com sobras de tecidos biodegradáveis do banco de São Paulo e da cidade de São Vicente [litoral de São Paulo]. Ela, mãe e a tia trabalham juntas. A mais nova gerando renda para a geração mais velha. É gratificante ver as oportunidades de trabalho que as pessoas conseguiram com o Clube da Preta. Todos os dias, recebemos mensagens de superação, de saber que eles conseguem sustentar a família a partir do clube”.

“Outra boa história é da Mapa Lingerie. A empreendedora percebeu que não tinha lingerie da cor da pele dela, então, passou a desenvolver a peça. Agora, a marca conta com escala maior, cresceu bastante. A Cervejaria do Complexo do Alemão fica dentro do bairro e tem um trabalho incrível: anualmente, as crianças da comunidade pintam as garrafas. O dinheiro com a venda é revertido para atividades locais, como educação, esportes, construção de casa, etc”.

E, com 150 afro-empreendedores no Clube da Preta, Débora quer mais: “Para este ano, gostaria de ter uma plataforma mais intuitiva, ter mais clientes e conhecer mais pessoas através do Clube, gerando assim mais renda aos empreendedores. Quero também lançar novos produtos, expandir nossos negócios e fazer os parceiros crescerem com a gente”.

  • Fonte da informação:
  • Leia na fonte original da informação
  • Artigos relacionados

    Deixe um comentário

    Botão Voltar ao topo