“Sempre tive muito medo de avião. Por outro lado, nunca cogitei deixar de viajar. O que fazia então quando batia o pânico antes de voar? Apesar de não gostar, por achá-los muito agressivos, me rendia aos remédios tarja preta. Saúde é algo primordial na minha vida e também no meu trabalho. Foi o ofício, aliás, que há dois anos me fez descobrir o óleo de CBD.
Na época, já tinha bem estabelecida a Greenpeople, minha marca de sucos prensados a frio aberta em 2014, e estava em uma feira de produtos naturais em Nova York. Enquanto pesquisava novos ingredientes e tendências no mercado de alimentação saudável, uma paixão que surgiu junto com a recuperação de uma anorexia nervosa na adolescência, vi pela primeira vez um vidro do óleo de canabidiol. Trata-se da parte ‘boa’ e relaxante da maconha, a que não contém o THC, ativo que age no sistema nervoso e é responsável pelo barato da erva.
Já no voo de volta para o Brasil, substituí o remédio por três gotinhas de CBD embaixo da língua, como haviam me indicado. O resultado? Menos ansiedade, um sentimento de relaxamento e algumas horas de sono profundo. Um misto de leveza e tranquilidade que não experimentava há tempos – principalmente dentro de um avião.
Com o radar ligado na promissora matéria-prima, passei a vê-la em larga escala nos Estados Unidos, em lojas de produtos naturais, nas fórmulas de cosméticos e até em alimentos. Se em Nova York a oferta já era grande, na Califórnia, onde não só o CBD, mas o uso recreativo da maconha é liberado, ele está em todos os cantos. Entre os produtos disponíveis, além do óleo para consumo direto (uso sempre sublingual), há as canetas vaporizadoras e inúmeros itens para a pele. A indústria cosmética, de olho no poder antioxidante, anti-inflamatório, antiacne e antibacteriano do ativo, é uma de suas maiores entusiastas. Entre tantas opções, a que mais me chamou atenção, claro, foram as bebidas: sucos, chás e cafés enriquecidos com CBD – tanto as versões prontas quanto os coffee shops e juice bars em que há a possibilidade de adicionar o óleo no copo.
Tamanha versatilidade fez com que eu expandisse o contato com o CBD para além das gotinhas – as minhas são da americana Lord John, mas há uma vasta gama de possibilidades – que uso nos voos ou em momentos em que a cabeça está a mil e preciso me concentrar. Tenho cremes para dores musculares com o óleo na fórmula e loções corporais com alto teor de CBD. Também adoro os chocolates artesanais com extrato de canabidiol. No meu caso, todos funcionam de forma eficaz, sem contraindicações. Mas aconselho, claro, que cada um consulte seu médico antes de fazer uso.
Meu plano agora é colocar no mercado brasileiro uma bebida da Greenpeople contendo CBD. Não será uma tarefa simples. Assim como trazer o suco prensado a frio que me encantou no Havaí anos atrás não foi. Aqui, qualquer bebida pronta precisa de um registro do Ministério da Agricultura ou da Anvisa que aprove todos os ingredientes. O canabidiol, embora já possa ser comprado no País com receita médica (muitos psiquiatras estão usando como alternativa ao tarja preta), ainda não foi autorizado para produtos como os meus. Por ora, sigo acompanhando o mercado e torcendo para mudanças num futuro próximo em prol da entrada completa do CBD. Para me acalmar até lá, três gotinhas quando for preciso.”