O ronco tem perturbado o sono dos brothers e sisters do “BBB19”, a ponto de tornar um dos principais pontos de discussão entre eles. É não é de se estranhar que tenha virado polêmica – segundo estimativas, cerca de 54% da população adulta sofre de ronco, com grande prevalência em obesos, idosos e mulheres na pós-menopausa. Mas as jovens e magras também podem emitir altos decibéis à noite se exagerem nos drinques. Conheça mais sobre as causas, efeitos e tratamentos para esse transtorno.
1 – Roncar não é normal
Ao contrário do que muita gente pensa, roncar não é sinal de sono profundo, reparador – ele indica dificuldade na respiração. “A região por onde passa o ar, atrás da garganta, é estreita, e tem a forma de um cilindro muscular. E se ela fica ainda mais fechada – seja pelo relaxamento muscular ou alguma obstrução – a passagem do ar diminui, o que provoca uma vibração nessa estrutura, e consequentemente, o ronco”, explica Luciane Luna de Mello, pneumologista do Instituto do Sono, em São Paulo. Além disso, o problema é também daqueles que dormem com o roncador. “Se as pessoas próximas se queixam de que você ronca, leve-as a sério e procure assistência médica especializada”, fala a médica.
2 – Um dos principais gatilhos é o sobrepeso
Quando engordamos, a gordura extra se deposita no corpo inteiro, incluindo a região do pescoço. “O acúmulo de gordura na garganta estreita a faringe e dificulta ainda mais a passagem do ar, o que piora o quadro de ronco”, esclarece Geraldo Lorenzi, diretor do Laboratório do Sono do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), em São Paulo. Em obesos, o quadro é pior. Perder peso, portanto, é uma solução.
3 – Doenças alérgicas respiratórias contribuem
As pessoas que têm alergias respiratórias, como a rinite, ficam com o nariz entupido. Isso faz com que respirem pela boca, causando o ronco. “O tratamento dessas doenças ajuda, e muito, na diminuição dos ruídos noturnos”, informa Luciane Luna de Mello. Pelo mesmo motivo – obstrução das vias nasais – dormir com o ar condicionado ligado pode favorecer os ruídos noturnos.
4 – Desvio de septo e amídalas grandes também provocam ronco
Essas e outras questões anatômicas, como pólipos no nariz, adenoide maior do que o normal, queixo retraído (retrognatismo) e alterações na arcada dentária podem causar obstrução nas vias respiratórias e, consequentemente, ronco. Para o retrognatismo e as disfunções na arcada é indicado o uso noturno de uma placa bucal de silicone feita sob medida para o paciente. “Ela é ajustada aos poucos, fazendo pequenas trações para corrigir os problemas”, afirma Geraldo Lorenzi. Em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada para resolver questões anatômicas.
5 – Homem ronca mais do que mulher, mas, para ambos, o problema piora com a idade
Segundo a especialista do Instituto do Sono, a proporção é de quatro homens roncadores para uma mulher – mas esses números só valem até a menopausa, quando o número se equivale. “Na idade fértil, o estrogênio, hormônio sexual feminino, protege a musculatura da garganta”, conta Luciane Luna de Mello. E, assim como acontece com os outros músculos – glúteos, abdômen – os da faringe também perdem tônus com o tempo, o que contribui para fechar a passagem do ar. Portanto, a incidência é maior na terceira idade.
6 – Álcool agrava o quadro, assim como os medicamentos tranquilizantes
O consumo excessivo de drinques faz com que qualquer pessoa ronque, já que a bebida causa relaxamento da musculatura – e esse relaxamento ajuda a fechar o canal da passagem do ar, causando a vibração do ronco. Aqui, a regra vale para homens e mulheres. Medicamentos que relaxam têm o mesmo efeito.
7 – Dormir de barriga para cima faz qualquer um roncar
“A pior posição é dormir de barriga para cima. A ação da gravidade, pela retração da língua para trás, causa um estreitamento da passagem de ar, aumentando a vibração dos tecidos da faringe e do som”, fala Luciane Luna de Mello. Além de mais frequente, o roncar é mais intenso. O ideal é dormir de lado.
8 – Ronco pode indicar problema de saúde mais grave
O ronco é um dos sintomas da apneia obstrutiva do sono, um distúrbio respiratório que se caracteriza pela redução da oxigenação do sangue, que acontece devido a pausas da respiração causadas pelo estreitamento das vias aéreas. De acordo com estudo realizado na cidade de São Paulo pelo Instituto do Sono, um a cada três adultos sofre do problema. Grande parte dessas pessoas segue sem diagnóstico, o que aumenta o risco das doenças cardíacas. “A presença do ronco pode ser um termômetro para que mais pessoas procurem o médico, sejam diagnosticadas e tratadas”, alerta Geraldo Lorenzi.
9 – Existe exercícios antirronco – e eles são eficazes
Pesquisadores do Laboratório do Sono do Incor criaram uma técnica de exercícios musculares que, se praticada diariamente e com orientação de fonoaudiólogo no início, reduz a frequência e a altura do ronco até que ele se torne quase imperceptível – em alguns casos. Os exercícios para fortalecer os músculos envolvidos direta ou indiretamente na produção do ronco devem ser feitos de duas a três vezes ao dia. No site da Associação Brasileira do Sono é possível encontrar fonoaudiólogos especializados.
10 – Nem toda solução disponível no mercado tem utilidade
Basta uma rápida busca na internet para encontrar um arsenal de dispositivos antirronco. “Boa parte deles não é eficaz – por exemplo, as faixas para o queixo e as placas de boca que não são feitas sob medida”, diz Geraldo Lorenzi. Os alargadores nasais valem apenas para obstruções específicas no nariz. Já alguns aplicativos para medir a intensidade e duração do ronco podem ser úteis, até para confirmar que a pessoa está roncando mesmo — o SnoreLab, para IOS e Android, é tido como um dos melhores.