Ácido hialurônico. Talvez você não tenha ideia do que seja esse composto, mas com certeza já viu e ouviu muitos gurus de beleza e dermatologistas falando sobre ele em consultas, artigos e até vídeos no Youtube e Instagram.
Mas, afinal, para quê serve esse item, que se transformou no queridinho dos principais médicos mundo afora? Conversamos com a dermato Adriana Leite, fundadora do portal Cosm-éticos.com.br e da clínica Adriana Leite All Beauty Co, para tirar todas as suas dúvidas sobre ácido hialurônico e como usá-lo a seu favor.
O QUE É ÁCIDO HIALURÔNICO?
“É uma substância que temos na maior parte do nosso corpo, entre as junções celulares”, explica ela. Basicamente, ele é feito de açúcares, formando um composto bioativo, que costuma “sequestrar” líquidos dos tecidos para cumprir uma função de lubrificante. Em termos mais simples, ele é um acolchoado que fica entre as células do corpo e nas articulações.
QUAIS SÃO AS SUAS FUNÇÕES?
Ok, já começamos a entender o que o ácido hialurônico é. Mas ainda não entendemos o que ele faz, exatamente. Nas palavras da própria Adriana: “Ele tem a função de regular a quantidade de água, é como uma grande esponja, sequestrando água dos tecidos para manter esse espaço intercelular lubrificado”.
Pode parecer loucura, mas a verdade é que essa lubrificação é muito importante para saúde das membranas celulares. E, no prático, o que o ácido faz é manter a pele firme e muito bem hidratada, com aquela aparencia jovial e sem marcas de expressão.
ONDE ELE PODE SER ENCONTRADO?
Esse composto é produzido naturalmente pelo corpo, mas acaba tendo essa mesma produção reduzida por conta do envelhecimento e de outros fatores que afetam a vida e a rotina de uma pessoa, como alimentação. O resultado é uma pele mais ressecada, opaca e flácida.
A resposta para isso é a produção externa, desenvolvida pela bio-engenharia, através da cultura bactérias específicas, que gerou uma versão desse mesmo ácido que pode ser injetado no corpo e compensar essa falta, são os preenchimentos.
QUAL É A DIFERENÇA DO ÁCIDO HIALURÔNICO INJETÁVEL PARA O COMPOSTO EM CREMES E OUTROS PRODUTOS?
A resposta mais simpels e direta é: total. A diferença entre as versões injetável do ácido e aquela encontrada em cremes tem muito a ver com profundidade. No primeiro caso, conseguimos alcançar as camadas mais profundas da pele para fazer correções maiores, enquanto os cremes tratam, em essência, da estética superfial, ou seja, da sensação de hidratação da pele.
Cremes e outros produtos que contam com esse composto trabalham com um sistema de tamanho de moleculas. Quanto maior a molécula de ácido, maior a sua penetrância na pele. Mas, ainda assim, elas jamais passam das camadas superficiais. O resultado é uma sensação de hidratação e vigor maiores.
Quando falamos da injeção, e como comentamos ali em cima, o ácido hialurônico injetável é obtido por meio de processos de bio-engenharia, que começam com a cultura de algumas bactérias que têm a capacidade de produzir esse composto.
O que diferencia essa versão do ácido de outros da mesma categoria são alguns pontos principais: o grau de pureza (o quão próximo ele é do composto natural), a quantidade de estabilizantes presentes na composição e a concentração do produto na seringa.
Como esse ácido é produzido naturalmente pelo corpo, da mesma forma ele é eliminado pela respiração quando em excesso ou depois de usado. Por isso, para que as inejeções sejam efetivas e duráveis, são utilizados estabilizantes para manter o composto no corpo por mais tempo.
Esses estabilizantes, porém, podem ser responsáveis por causar edemas e irritações na pele, por isso é importante que eles sejam mínimos na composição a ser injetada.
Não só isso, mas essas injeções contam com aplicabilidades diferentes, dependendo da densidade do ácido produzido. Ácidos mais densos são aplicados com profundidade, enquanto os mais delicados ficam nas camadas superficiais.
Isso significa que é importantíssimo saber a procedência e a qualidade do ácido antes da aplicação, além de contar com um profissional qualificado para fazer esse preenchimento.
QUAIS SÃO AS ÚLTIMAS DESCOBERTAS EM RELAÇÃO À ELE?
Hoje, o que mudou em relação à produção do ácido são os formatos de apresentação, com texturas mais finas e delicadas, que permitem aplicações de diferentes concentrações em uma única vez.
“Uma pesosa que tem perda de volume, eu trato o plano mais profundo com o ácido mais denso e venho trazendo nas camadas mais superficiais da pele um produto de média densidade, até a derme superficial, trazendo um produto ainda mais delicado, com uma concentração menor, para que eu possa tratar os pequenos detalhes”, explica Adriana, exemplificando como é possível usar diversos ácidos diferenetes numa mesma aplicação.
Não só isso, mas com novas tecnologias e técnicas de aplicação, já é possível usar o ácido para corrigir a panturrilha, amenizar dores nos pés causadas pelo uso excessivo de saltos altos e até corrigir o lóbulo da orelha.
PESSOAS COM TODOS OS TIPOS DE PELE PODEM USAR? QUAIS SÃO AS RESTRIÇÕES?
Aqui, é importante saber que as contra-indicações para o uso do ácido hialurônico existem apenas para a versão injetável. Elas podem ser aplicadas a partir dos 25 anos de idade e segundo a necessidade e indicação médica.
Se você tem qualquer tipo de doença autoimune ou um histórico familiar dessas questões de saúde, é um sinal de alerta: nenhum tipo de injeção é indicado para esses casos, e o melhor é buscar outros tratamentos que tenham um resultado efetivo, de acordo com o que você precisa.
Nos casos de infecções e irritações, a aplicação também não é indicada até a recuperação total, e, para gestantes, o ideial é esperar o primeiro trimestre antes de consultar um médico e ter certeza que as aplicações são seguras até o fim da gravidez.
O tratamento com ádico injetável pode ser combinado a outros tipos de tratamento dermatológicos, mas é preciso cuidado e parcimônia: o mais indicado é que a região da aplicação descanse e que os tratamentos não sejam sobrepostos um depois do outro, no mesmo dia. É preciso uma construção a longo prazo para um resultado efetivo.
Quando o assunto é a aplicação tópica do ácido, por meio de cremes, Adriana explica que não existe contra-indicação. Essa versão não afeta camadas profundas da pele e tem um efeito mais estético do que de correção, o que significa que o resultado é mais leve e menos agressivo com o organismo.
O que precisa ficar em mente, claro, é sempre buscar um profissional de confiança, que faça uma aplicação responsável e bastante cuidadosa do ácido, para evita problemas futuros.