Beleza

Cabelos brancos: Por que parei de tingir os fios

Sou de uma linhagem de mulheres que têm cabelos brancos desde muito jovem. Os meus começaram a aparecer aos 30 anos – e não me lembro quando comecei a escondê-los, mas foi mais ou menos na mesma época. Os primeiros fios, esparsos, logo se transformaram numa mecha, que nasce exatamente no meio da testa e se espalha na mesma proporção que o Rio Negro cobre a superfície do Amazonas (visitei Manaus há uma semana e ainda estou impressionada: que rio é esse!). Como a cor natural dos meus fios é castanho bem escuro, quase preto, esse rastro sem cor “gritava”. No começo, bastava passar tinta uma vez por mês. Com o tempo, o prazo diminuiu para 20 dias, depois 15… Para disfarçar o indisfarçável, usei todo tipo de truque: lenços, bastões, sprays que me deixavam com o mesmo tom de Silvio Santos etc.

Nunca passou pela minha cabeça (literalmente) assumir. Parecer mais velha? Nem pensar! Quando fui morar em Paris, a primeira coisa que fiz foi encontrar uma cabeleireira para chamar de minha e garantir o ritual. Lá, no entanto, notei a primeira leva de fios brancos esvoaçantes pelas ruas. Primeiro, nas europeias (francesas, italianas, espanholas…). Depois, em minhas amigas, que desencanaram de tingir. Por fim, na TV, nas páginas das revistas de moda, nos outdoors… Mesmo assim, segui firme e forte nos retoques.

Até que um dia, já de volta ao Brasil, Wilson Eliodorio (o homem responsável pelas madeixas de Tais Araujo, Gaby Amarantos, entre outras celebs lindíssimas) me disse: “Você tem que assumir!”. Dormi com essa ideia improvável na cabeça e, no dia seguinte, marquei um horário em seu salão, já sonhando com cabelos prateados para exibir nem que fosse por uma semana. Foi um balde de água fria quando ele me disse: “Querida, seu cabelo está preto. Será um processo lento” (e doloroso, pensei eu).

Isso foi há um pouco mais de um ano. Desde então, me entreguei aos seus cuidados sem restrições – não sou do tipo que tem medo de “estragar” o cabelo. Para mim, cabelo cresce, troca cor, troca de novo… Os primeiros meses foram terríveis: ele me proibiu de retocar (“Deixe sem tingir o máximo que aguentar! Precisamos descobrir qual é o seu branco”, dizia Wilson), e eu me sentia uma desleixada, com aquela raiz se espalhando em meio aos fios escuros. Por outro lado, ir ao salão se tornou uma diversão. A cada visita, uma novidade: fui do castanho escuro para o claro, o bemmm claro, o loiro! Sobre os brancos, no máximo, um tonalizante (me corrija, Wilson!).

Passei a chamar a atenção, primeiro, pela mudança radical (não me reconheço mais vendo as fotos com o cabelo escuro de um ano atrás). Depois, pelos brancos. Os comentários são variados: “Mas você não vai deixar tudo branco, né?”; “Não tem medo de parecer mais velha?”; “Vai precisar estar sempre maquiada!”. Também comecei a receber depoimentos, mensagens de pessoas que têm vontade de assumir, mas não têm coragem, pedindo dicas, contando suas histórias.

No fim das contas, foi a melhor decisão que tomei. Até agora, só vejo vantagens: a cada mês, tenho uma cara nova graças às mudanças de tonalidade; meu rosto está mais iluminado; me sinto mais bela e moderna e nem um pouco mais velha; e o investimento é muito mais preciso, já que não preciso ir ao salão a cada 15 dias. Para completar, ganhei companheiras. Uma amiga querida, a Debora, parou de tingir na gravidez e hoje ostenta lindíssimos fios em 50 tons de cinza. Outras ensaiam a experiência. Eu, sigo na decisão de ver onde isso vai dar _e empolgada com a ideia de fazer mechas azuis, cor de rosa…
Para quem ainda está na dúvida, meu conselho: experimente. O máximo que pode acontecer é voltar à tintura, portanto, se jogue!

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