Gastronomia

Purple food: alimentos em tons de roxo são nova febre

Pantone, empresa que dita tendências de cores para o mundo, elegeu o Ultra Violet como o tom de 2018 – informação propagada à exaustão na moda. Na nutrição, sob respaldo científico, o roxo também explodiu. Os números comprovam: maior fornecedora de produtos naturais dos Estados Unidos, a rede Whole Food registrou, a partir de 2016, crescimento na procura por alimentos dessa cor. A Mintel, distribuidora global que acompanha o comportamento de consumidores, confirmou crescente demanda, com maior interesse dos norte-americanos por ingredientes exóticos e saudáveis, como o açaí da Amazônia brasileira, o milho dos Andes (sim, ele é roxo) e o inhame púrpura das Filipinas. A eles se juntaram novas variedades de brócolis, cenoura, aspargos e couve-flor desenvolvidas por cruzamentos genéticos, todos violeta.

A febre roxa tem sobrenome: antocianina. Tida como um dos mais potentes antioxidantes do mundo vegetal, está presente em frutas (açaí, ameixa, amora, figo, jabuticaba, mirtilo, uva), legumes e raízes (batata-doce, berinjela, beterraba, alho, cebola), verduras e ervas (alface, repolho, radicchio, manjericão e tomilho) e até em flores comestíveis (lavanda, violeta e hibisco – o último, na forma de chá). “Segundo estudos já publicados, as antocianinas são anti-inflamatórias, protegem o DNA, podem prevenir alguns tipos de câncer, ajudam a manter saudáveis os níveis de açúcar no sangue e reduzem o risco de doenças coronárias”, aponta sobre os benefícios Carolina Pimentel, ph.D. em nutrição, de São Paulo.“Mas ainda há lacunas sobre a dose necessária para se alcançar esses efeitos”, pondera.

Responsáveis pela paleta de cor que vai do rosa-claro ao roxo fechado, passando por violeta e vermelhos arroxeados, as antocianinas são produzidas pelas plantas como proteção contra agressores externos – caso da radiação ultravioleta em excesso, falta de água, frio e calor extremos. “Nosso organismo também se beneficia das mesmas propriedades quando consumimos alimentos ricos dessas substâncias, que são capazes de controlar a ação dos radicais livres, moléculas que impedem que as células funcionem plenamente e aceleram o envelhecimento”, explica Cynthia Antonaccio, nutricionista paulistana.

Na Califórnia, epicentro da comida saudável, a dose púrpura nos pratos só aumenta. “A indústria alimentícia tem procurado pigmentos roxos naturais como alternativas saudáveis aos corantes artificiais”, conta Carolina. Na terra da jabuticaba, a tendência também está em ascensão. “Precisamos valorizar os produtos brasileiros. A jabuticaba, por exemplo, não deve a nenhuma berry europeia em termos nutricionais e de sabor”, compara Cynthia. O que falta, ainda, é investimento em tecnologia para ampliar as possibilidades de consumo de frutas nativas sazonais: “É mais fácil produzir iogurte com morango que com jabuticaba”. Por outro lado, a batata-roxa, também sazonal, já pode ser encontrada na forma de chips em supermercados e lojas de produtos naturais.

Se a lista de benefícios já é extensa, some a ela a grande densidade nutricional encontrada em alimentos do tipo, um score atribuído para identificar o teor de nutrientes em relação ao de calorias. “Alimentos como as frutas, legumes e verduras são todos, por definição, de alta densidade nutricional, não apenas os roxos”, esclarece Carolina, que ressalta a importância de outros pigmentos antioxidantes para o organismo, como o licopeno do tomate e de outros vegetais vermelhos, e o betacaroteno dos alimentos cor de laranja. Sempre bom lembrar, nenhuma cor deve reinar sozinha no prato nosso de cada dia.

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