Jornalista veterana e virginiana cética por natureza, confesso que a proposta do Emsculpt me pareceu um pouco exagerada: ganhar definição e até mesmo hipertrofia muscular sem a necessidade de pegar pesado na malhação. Mas, curiosa que sou, aceitei o convite para testá-lo na Finit, clínica multidisciplinar em São Paulo. O equipamento, lançado nos Estados Unidos e na Europa em março de 2108, está bombando nos principais congressos mundiais de medicina estética não só com os dermatologistas, mas também com os cirurgiões plásticos, como Rogério Martins, da Finit. Optei por tratar o que mais me incomodava: o bumbum. Antes de começar, porém, conversei longamente com Paola Pini, proprietária da clínica. Ela me tranquilizou dizendo que o tratamento não seria dolorido, durante ou depois, não esquentaria nem daria choquinhos. E também que eu poderia seguir minha rotina normalmente após a sessão, incluindo minhas aulas de ioga.
Batizada de HIFEM (High-Intensity Focused Eletromagnetic), a tecnologia, semelhante à empregada em aparelhos de ressonância magnética, produz um campo eletromagnético extremamente intenso e que age profundamente. Esse campo é focado nos nervos motores centrais, que induzam contrações de alta intensidade em todas as camadas e grupamentos musculares, resultando em hipertrofia e definição muscular. Parece complicado, mas a aplicação é simples: o paciente deita na maca e são colocados aplicadores — que parecem pequenas almofadas — na área a ser tratada. No meu caso, na parte superior dos glúteos, onde ficam os músculos que dão o efeito lifting.
O profissional regula a intensidade do aparelho de acordo com a tolerância de cada um — as contrações não doem, mas podem incomodar quando ficam mais fortes. Consegui chegar aos 70% da capacidade da máquina, mas por poucos minutos — na maior parte do tempo fiquei na faixa dos 55 a 65%. “São induzidas 20 mil contrações musculares supramáximas por sessão, impossíveis de serem realizadas por meio de exercício físico”, fala Paola Pini. Já imaginou fazer 20 mil agachamentos ou abdominais em meia hora?
O fato é que, duas semanas e quatro sessões depois, me surpreendi com o resultado: além de mais empinado, meu bumbum estava mais redondo e firme! E não foi só o contorno que melhorou – a qualidade da pele também, já que músculos tonificados dão um suporte melhor à pele, que fica mais firme e lisa, suavizando aspectos como flacidez e celulite. Claro que não ganhei um bumbum tipo rainha de bateria e nem eu almejava isso – a melhora aconteceu de acordo com o meu biótipo e idade, como é a proposta do equipamento.
Por enquanto, a tecnologia é exclusiva para glúteos e abdômen, mas a BTL Aesthetics, multinacional com sede nos Estados Unidos que fabrica o equipamento, já está desenvolvendo aplicadores para pernas e braços. O protocolo para abdômen promove também a queima de gordura, o que não acontece nos glúteos, porque ela é metabolizada de forma diferente. “O Emsculpt aumenta em até 16% da espessura do músculo e reduz até 19% da gordura ao redor da cintura, segundo pesquisas independentes feitas nos Estados Unidos”, informa Simone Freitas, gerente de produtos da BTL Brasil. “Antes do lançamento mundial, foram publicados sete estudos que utilizaram ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrassonografia e histologia para comprovar a eficácia da tecnologia”, acrescenta.
O equipamento atende desde malhadores que desejam intensificar o resultado do exercício até sedentários que querem ganhar tônus muscular, mas não substitui a atividade física — que garante saúde, longevidade e qualidade de vida, entre outros benefícios. Não é indicado para quem tem próteses metálicas, DIU metálico, marca-passo, gestantes e lactantes. Nos Estados Unidos, onde já virou febre, já estão disponíveis cerca de 600 máquinas. No Brasil, há por volta de dez, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. De acordo o fabricante, o preço da sessão vai de R$ 2 mil a R$ 2.500, e são recomendadas de quatro a seis, conforme o protocolo individualizado, em dias alternados.
Mas, como tudo na vida, precisa de manutenção — a indicação é uma sessão ao mês. A atividade física convencional também prolonga o resultado. O que, no meu caso, significa levar a sério os agachamentos. Será que encaro o Crossfit?