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Instrutor de ioga de celebridades acredita em prática sem radicalismos

Não adianta nada meditar e colocar o pé atrás da cabeça na ioga se depois vai brigar no trânsito na primeira fechada que levar.” Esse é o tipo de conselho que o iogue paulistano Fernando Pacheco, 38 anos, costuma dar aos interessados que o procuram para iniciar a atividade. Especialista na ashtanga vinyasa ioga – a versão mais dinâmica da modalidade, com seis puxadas séries fixas de posturas –, ele se considera um “sadhaka”, o que na filosofia indiana significa “praticante em busca de evolução espiritual”. Com agenda lotada, Pacheco, como é chamado por seus alunos, dá aulas para a top Isabeli Fontana, o cineasta Heitor Dhalia, o ator Rafael Losso e uma turma que busca “um estilo de vida com mais bem-estar”, diz.

Quando deu a primeira aula para Isabeli em abril deste ano, indicado por uma amiga em comum, havia acabado de voltar de uma imersão na Índia. “Eu, que pratico ashtanga há 16 anos, descobri que tinha muito para aprender.”

O surfe foi a porta de entrada para essa prática, aos 14. Para melhorar o desempenho no mar, um amigo lhe indicou a hatha ioga, o estilo focado no equilíbrio, na simetria corporal e controle da respiração. “Há uma ideia de que a hatha é para os idosos. Apesar de não ser uma regra, é um pouco verdade. Eu era o único garoto ali no meio dos velhinhos na turma do Marcos Rojo [um dos pioneiros na hatha ioga no Brasil]”, diz. “Desde então, nunca mais parei de praticar. Incluí na rotina as artes marciais, como o kung fu e o aikido, mas ioga sempre foi prioridade.”

Antes de se tornar professor, Pacheco deixou para trás uma promissora carreira no design. Formado em desenho industrial, desenvolvia projetos de móveis feitos com materiais recicláveis e chegou a expor no Salão Internacional do Móvel de Milão, na Itália. Só que a falta de tempo – e algumas decepções com o mercado – o fizeram ter de optar, em 2005. “Estava desanimado com o design, um mundo de egos. Apresentava meu portfólio e via gente sugando minhas ideias em reuniões disfarçadas de parcerias”, diz. “Como já era um praticante, meu professor me convidou para virar instrutor de seu estúdio em São Paulo.” Hoje, além de mestre na ioga, é também massagista aiurvédico.

Junto com a virada profissional, que lhe trouxe uma rotina mais saudável e um corpo mais forte, vieram novos hábitos alimentares. Pacheco já tentou ser vegetariano “por quase quatro anos” e até vegano. “Mas percebi que meu corpo precisa de algumas proteínas que não se enquadram nessas dietas”, argumenta. “Como carne, bebo álcool e, de vez em quando, até me permito um congelado quando o dia está corrido.” Quanto aos benefícios que quase duas décadas da prática trouxeram ao seu corpo, ele conta: “Não fico mais doente”.

Detox ele prefere fazer é das redes sociais. “As pessoas não habitam mais o próprio corpo, sabe? O Instagram tem sua graça, mas ele e outras redes contribuem para que nos afastemos do presente.” Ele se incomodou mais quando alunos começaram a pedir para tirar fotos em aula. “‘Nossa, essa postura vai dar uma imagem! Tira uma foto, professor?’. Se quebrava toda uma dinâmica para fazer uma pose no celular. Não faz sentido…”

Pacheco defende que outro inimigo do bem-estar, principalmente para quem mora em centros urbanos, é a escassez do tempo. “É preocupante como as pessoas não conseguem separar um tempinho para se curarem, para uma massagem, um exercício ou meditar”, diz. “Todo mundo pode fazer ioga: jovem, velho, gordo, magro… A única pessoa que não pode é o preguiçoso.”

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