A atriz espanhola, embaixadora da Lancôme há quase 9 anos, é o rosto de diversas linhas da marca francesa. Em sua mais recente campanha, ela aparece super fresh, com maquiagem bem natural que realça suas sardas e, nos lábios, os batons Drama Matte, gama que garante lábios bem pigmentos com o conforto de um batom cremoso. A seguir, Penélope fala sobre sua relação com a beleza desde a infância, o papel de Donatella Versace, empoderamento feminino, maternidade e casamento e, acredite, como está aprendendo a falar português.
Você sempre viveu em um mundo onde a beleza é celebrada. O que diria às pessoas que acham que é um assunto superficial ou apenas uma questão de vaidade?
Cresci em um ambiente onde a beleza não era realmente a coisa mais importante do mundo. Mas finalmente percebi que para as mulheres que iam ao salão de beleza da minha mãe, o que acontecia lá era realmente significativo. Muitas delas eram mães superocupadas com os filhos e que tentavam lidar com os problemas do dia-a-dia. Aquelas mulheres saíam do salão se sentindo muito melhor consigo mesmas e com melhor autoestima. Não há nada de superficial ou trivial nisso.
Eventos de tapete vermelho são as coisas que unem a moda aos mundos do cinema, da música ou da TV, e que tornam esses mundos muito mais brilhantes, sedutores e atraentes. Além disso, por trás de cada detalhe há muitas pessoas trabalhadoras e talentosas. Vou te dar um exemplo. O vestido que usei no tapete vermelho quando fui indicada a um Emmy pela série O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story precisou de 300 horas de trabalho para ser feito. Gosto de dar crédito publicamente aos artistas que fazem com que coisas assim sejam possíveis.
Como atriz, você está sempre ciente do poder de transformação da maquiagem. Em quais dos seus papéis a maquiagem foi mais importante?
Interpretar Donatella Versace em O Assassinato de Gianni Versace: American Crime Story realmente exigiu uma maquiagem excelente para ajudar na transformação física. Além das perucas e de uma pequena prótese que coloquei nos lábios, o resto da metamorfose física da personagem foi conseguida puramente com a arte da maquiagem. Foi realmente muito bem desenhada e executada. A maquiagem também foi fundamental para a personagem em Não Se Mova, embora nesse caso não houvesse nada de glamouroso.
Você tem uma rotina específica que você segue de manhã e à noite? Costuma mudá-la de acordo com a estação ou outras necessidades?
Minha rotina é lavar bem a pele antes de ir dormir e novamente quando me levanto. Também faço uma mini-esfoliação uma vez por semana. E mesmo que eu não esteja usando maquiagem, sempre uso hidratante. Se não estou trabalhando, uso menos maquiagem. Passo um pouco de máscara para os cílios, um pouco de blush e um pouco de batom L’Absolu Rouge, para o qual também fiz uma campanha. Não fiz nenhuma campanha para produtos de proteção solar, mas adoraria. Espero fazer um dia, em alguma praia.
Você disse certa vez que em um mundo ideal, quando se trata de eventos de tapete vermelho, você teria uma hora para preparar os cabelos e uma hora para a maquiagem…
Nunca costumo passar mais de duas horas me preparando, exceto para grandes eventos como o Festival de Cannes ou o Oscar, quando preciso de 20 minutos só para entrar no meu vestido. Também preciso de mais tempo quando tenho que me preparar para interpretar um papel de época, ou para um personagem que envolva maquiagem muito complicada, como Donatella Versace. O papel com a preparação mais simples foi Laura em Todos Já Sabem, uma vez que não usei nenhuma maquiagem – apenas me fizeram bolsas sob os olhos em algumas cenas. Em ambos os casos, fiquei muito satisfeita com o resultado. Mas não perco tempo durante o penteado e a maquiagem: leio, respondo e-mails, medito ou tento aprender com os maquiadores.
Você tem alguma dica para uma mudança superrápida de visual para um tapete vermelho?
O mais rápido seria sair do chuveiro, puxar meu cabelo para trás com gel, fazer minhas sobrancelhas, acrescentar máscara para cílios, blush e batom. Posso fazer tudo isso em 10 ou 15 minutos, sozinha.
Você consegue se lembrar de um dos primeiros livros que você leu?
Um dos livros mais importantes que li foi O Apanhador no Campo de Centeio, de J. D. Salinger. Li em uma tarde quando era adolescente, de uma só vez. Me deixou muito impressionada – me senti como se eu fosse Holden Caulfield, o personagem principal daquela história inesquecível. Me lembro daquele dia como se fosse ontem – foi realmente significativo para mim. Tive uma reação semelhante com o livro As Criadas, de Jean Genet. Aos 44 anos, ainda acho que um dia gostaria de interpretar uma das duas irmãs.
Você é poliglota – capaz de se comunicar em espanhol, francês, inglês e italiano… fala algum outro idioma?
Falar diferentes idiomas vale a pena para todo mundo, mas quando você é um ator, é absolutamente essencial. Eu não poderia ter feito alguns dos meus filmes favoritos sem essa habilidade e isso me ajudou a entender melhor e apreciar a cultura por trás de cada idioma. Agora estou realmente interessada em aprender português – comecei a praticar. Amo essa língua. No próximo longa que estou filmando, Wasp Network com Olivier Assayas, tenho que falar espanhol com sotaque cubano. Esse é outro grande desafio: acertar o sotaque e as sutilezas de um idioma.
Como mãe, qual é a importância da educação para você? Quando você viaja a trabalho, o que você faz para manter a educação de seus filhos consistente?
Ser mãe é, sem dúvida, minha missão mais importante na vida. Acredito que estou fazendo a coisa certa. Espero dar aos meus filhos uma boa educação e ensiná-los a serem aprendizes independentes. Essa questão é tão importante para mim que moldou completamente minha vida – e minha carreira. Diminuí meu ritmo de trabalho e fotografo em lugares e às vezes isso não atrapalha os estudos de meus filhos.
O que a palavra “empoderamento” significa para você? E de que forma a alfabetização pode empoderar as jovens hoje?
Ouvimos frequentemente que conhecimento é poder. É totalmente verdade. Tudo se baseia no conhecimento: liberdade, independência, capacidade de realizar seus sonhos, felicidade.
Por que a interpretação de Laura em Todos Já Sabem é um dos seus papéis mais complexos?
Com exceção da primeira parte do filme, minha personagem está constantemente em um estado de absoluto desengano, pois algo terrível acontece com ela. É ao mesmo tempo complicado e difícil de interpretar! E, no entanto, gostei muito do papel porque tive muito apoio dos meus colegas e Asghar Farhadi é um grande diretor. Mas vou ser sincera – no final eu estava ansiosa para a filmagem acabar!
Você tem dois novos filmes em que seu parceiro de cena é seu marido – Todos Já Sabem e Loving Pablo, mas na verdade vocês trabalharam juntos várias vezes em sua carreira. Além de um óbvio respeito mútuo pelo trabalho um do outro, que outros atributos vocês compartilham enquanto estão no set?
Compartilhamos uma paixão por sempre continuar aprendendo, estudando e crescendo; a crença de que é a jornada que conta; tomar cuidado para nunca se acomodar e pensar que se tem controle total; e ser humilde e sempre ter a sensação de que se está começando do zero.
Há algo que você possa compartilhar sobre sua nova aventura cinematográfica com Almodóvar?
Embora não seja completamente autobiográfico, o filme foi inspirado na vida de Pedro Almodóvar. Meu personagem é pequeno, mas muito especial: interpreto a mãe de Pedro quando ele era jovem, então como uma homenagem à mãe dele é algo muito pessoal e muito importante para ele, consequentemente é também muito importante que eu acerte. Conheci a mãe do Pedro. Nunca me esquecerei da conversa que tive com ela, quando ela me contou como ficou preocupada no dia em que Pedro anunciou que estava deixando o emprego na Telefónica para se dedicar ao cinema.