Fazer com que as crianças comam mais vegetais e comidas saudáveis é, muitas vezes, um grande desafio. Brócolis, cenouras, vagens e couve-flor normalmente são recebidos com caretas e acabam sobrando nos pratos dos pequenos.
Para reverter essa situação, especialistas dão dicas sobre como ajudar as crianças a desenvolverem o gosto por vegetais sem ter que escondê-los em comidas processadas e, em grande maioria, não tão nutritivas.
Primeiramente, é preciso desapegar da ideia de que produtos industriais levam vegetais em seus ingredientes, como barra de cereais ou bolos de cenoura, por exemplo, são boas opções. Isso porque esses produtos, na verdade, são feitos apenas com traços desses vegetais, o que torna o processo de conhecer e gostar do alimento puro bem mais complicado para os filhos.
“Se as crianças não têm a oportunidade de realmente experimentar o vegetal – como é, qual o gosto, a textura – então eles não têm a chance de treinar seus paladares”, explica Natalie Muth, pediatra em Carlsbad, California, e porta-voz da Academia Americana de Pediatras. “O objetivo em criar crianças mais saudáveis é ajudá-las a aprender a gostar e preferir comidas saudáveis”.
Além disso, investir em alimentos industrializados, principalmente aqueles que a indústria designa como “alimentos infantis”, pode impactar diretamente na saúde da criança, levando, até mesmo, à obesidade infantil e problemas gastro-intestinais.
Os especialistas também argumentam que a infância é a fase da vida em que as crianças estão mais abertas para conhecer novos sabores – entre eles, os dos vegetais. Perder esse momento pode fazer com que seja muito mais difícil que elas experimentem os alimentos futuramente, mas não impossível.
Isso acontece porque as crianças são mais suscetíveis a comer o que elas já consideram familiar. Então é importante que as crianças se acostumem, aos poucos, aos novos gostos e novas comidas. Para isso, especialistas recomendam 4 passos simples para fazer com que seu filho goste de vegetais:
1. Jantem juntos
Crianças que costumam ter jantares em família, onde a atmosfera é mais positiva, tendem a comer mais vegetais e frutas e menos comidas fritas e gordurosas. Além disso, elas podem ter uma melhor saúde mental e física futuramente.
“Quando as famílias providenciam pratos alternativos para a criança, então ela aprende ‘se eu não comer isso, depois eu vou poder comer algo mais gostoso’”, diz Nimali Fernando, pediatra e fundadora do projeto sem fundos lucrativos Doctor Yum Project. “Mas se nós não fizermos isso, eles vão acabar comendo o que nós colocamos na frente deles.”
Providenciar alguns pratos que todos na mesa possam comer também é uma maneira de ensinar a criança a escolher o que elas querem ou não querem para a janta, desde que tenham opções saudáveis. Assim, elas entendem que aquelas opções são para todos e que não existe “comida de adulto” ou “comida de criança”.
2. Não “mime” o apetite de seu filho
A médica acredita que os pais, normalmente, não deixam seus filhos sentirem fome o suficiente. “Nós sempre temos conosco uma bolsa com comida, para quando eles chorarem ou se eles ralarem o joelho”, exemplifica.
Isso dificulta as crianças a aproveitarem as suas refeições, porque elas não estão realmente com fome. Então uma boa dica é não estragar o paladar com comidas menos saudáveis. Se os pais darem opções mais nutritivas, talvez os filhos passem a comer por gostarem daquilo e não porque estão “morrendo de fome”.
3. Deixe a criança brincar com as comidas
É isso. Deixar os filhos brincarem com comida pode ajudá-los a se interessarem mais pelo vegetal e pelo seu gosto. A pediatra Melanie Potock sugere usar cubos de abóbora como blocos de construção, beterraba aberta para fazer “tatuagem” ou usar aspargos como pincéis.
Mas e depois da brincadeira, o que fazer com a comida? Só lavar e já é possível cozinhá-la, sem gerar desperdícios. Servir os vegetais ao lado de alguma comida já conhecida pelo filho também ajuda.
4. Deixe seu filho ajudar na cozinha
Deixar que o seu filho cozinhe com você e sirva os pratos feitos por ele à mesa é “uma experiência emocionante”, afirma Potock. “Quando as crianças levam seus pratos à mesa, elas estão realmente orgulhosas. Parte da exploração é ter certeza que as outras pessoas comentem do que elas estão fazendo bem.”
Ao receberem elogios do que elas estão cozinhando, as crianças sempre vão querer fazer mais, gostar mais e comer mais.