Moda

Bailarina e modelo, a paixão por moda de Maria Osório vem de família

A carioca Maria Osorio deseja transitar entre várias facetas da indústria

O primeiro contato da bailarina Maria Osorio, ex-integrante da Cia de Ballet Dalal Achcar, com a dança foi aos 3 anos de idade, quando ainda estava no maternal. Cheia de personalidade, a menina pediu à mãe, a estilista Anna Victoria Lemann, para matriculá-la em uma escola de balé. “Me lembro de prestar pouca atenção nas instruções da professora. Estava encantada era mesmo com o collant e a saia tutu. Foi exclusivamente pela roupa que entrei nesse universo”, diverte-se a carioca, dando pistas de que a moda sempre esteve em sua vida. “Na verdade, essa relação começou em casa, observando minha avó materna, uma mulher muito chique, com um olhar bem particular para esse mundo.” Aos 26 anos, Maria conta que a avó, a psicanalista e artista plástica Maria Quental, estava sempre impecável. “Ela era clássica, mas, ao mesmo tempo, contemporânea. Não era uma fashion victim; fugia das tendências por saber o que funcionava em seu corpo. Infelizmente, vovó morreu quando eu tinha apenas 7 anos, porém nossa convivência foi intensa e frutífera mesmo num curto período”, observa Maria, que estende os elogios à mãe. “Nossa conexão é especial: sou filha, amiga, irmã… Temos afinidade em praticamente tudo, inclusive em sua grife de roupas, a Toia Lemann (antiga Anna Vic). Participo do processo criativo das coleções e do desenvolvimento de marca, da concepção das estampas às ações de mídias sociais.” Essa parceria também resultou em uma casa “gostosa e aconchegante”, no Rio de Janeiro, onde vivem há dois anos.

“Pensamos nos detalhes juntas. Cada canto tem uma história: os quadros são da minha avó, os objetos foram garimpados pelo mundo. O espaço é uma extensão nossa.”

Formada em moda pela PUC-Rio, Maria conciliou a rotina de bailarina profissional com as obrigações da faculdade. O tempo para estudar era escasso, mas conseguiu concluir o curso. No entanto, anda um tiquinho afastada da dança para se preparar para o mestrado em figurino que pretende fazer em Londres ou Nova York. A escolha acadêmica não é aleatória. A carioca deseja unir cada vez mais as suas paixões, criando looks para grandes montagens. Ela já assinou o visual de dois espetáculos cariocas de dança: Macabéa, inspirado em A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, e Carlota.

“No primeiro, desenvolvi uma estética preta e branca para mostrar uma cidade ‘fria’, onde ninguém está preocupado com o outro. No segundo, optei por looks que mimetizavam tatuagens nos corpos dos bailarinos. Cada integrante trocava de roupa pelo menos quatro vezes.”

Talvez esse caminho tenha sido traçado ainda na infância ao extravasar suas múltiplas facetas em fantasias. “Às vezes, eu era a fada; às vezes, a bruxa. Sou de encarnar personagens. Há dias que acordo com vontade de ser Grace Kelly e me visto toda ladylike; em outros, quero ser a mulher urbana. Acho interessante fazer essa brincadeira, misturar estilos de acordo coma situação. Gosto de ver a moda como algo lúdico.”

Entusiasta do trabalho de estilistas japoneses como Issey Miyake e Yohji Yamamoto, a carioca está interessada em mergulhar nas diversas camadas da indústria têxtil. Para além da criação, já posou para campanhas (o début foi aos 19 anos, para a Anna Vic), assinou contrato com a agência Mega Model Brasil e desfilou na última edição do São Paulo Fashion Week para a grife de beachwear Sau. “Minha mãe costuma falar por aí que sou bicho de palco. Mas confesso que fiquei nervosa com a estreia na passarela. Era uma situação completamente nova para mim. Na boca de cena, tive a chance de trocar algumas palavras com a top Izabel Goulart, que abriu a apresentação, e peguei dicas valiosas. No fim, amo estar nessa posição, seja falando, fazendo um plié ou caminhando com uma preciosidade que tenha saído da cabeça de um estilista.”

Com 1,72 m de altura, Maria sonha ser escalada para um show de alta-costura. “Minha intenção é acompanhar a movimentação do backstage para compreender a cabeça dos designers. Seria o máximo circular pelos interiores de uma maison, participar de provas de roupas… No SPFW, fiquei atenta a qualquer mínimo movimento. Foi legal à beça ver o pessoal mexendo nas araras, organizando os quadros de referências. Também ando estudando a obra de John Galliano e Alexander McQueen para entender mais sobre looks performáticos, um caminho que me empolga bastante.”

Maria deixa claro que não pretende abandonar a dança. É só uma pausa estratégica para se encontrar nesse mundão, recalcular rotas. “Viajei para diversas cidades do Brasil, me apresentei no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e cheguei a dar aulas de balé para crianças. É uma bagagem bacana e enriquecedora. Sou essa mulher plural. Estou abrindo o leque para fechar em quem eu sou.”

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