Show ao vivo, plateia enorme, transmissão mundial na TV e muitas caras e bocas fazem do Victoria’s Secret Fashion Show um desfile-espetáculo – e um espaço tão cobiçado e sonhado por modelos. O primeiro show da marca assistido por Anderson Baumgartner (ou Dando), fundador e diretor da agência Way Model, foi em Cannes (em 2000) com ninguém mais, ninguém menos que Gisele Bündchen abrindo a apresentação. “Foi ali que ‘descobri’ o show, que nesta edição também teve Fernanda Tavares, Carol Ribeiro e Alessandra Ambrosio no casting. Fiquei muito chocado com o glamour e a força deste desfile.”
18 anos depois, muitos nomes da sua agência riscaram a passarela da marca, como as angels veteranas Alessandra Ambrosio, que desfilou 17 vezes para a grife, e Candice Swanepoel, além das brasileiras Gizele Oliveira (que desfila este ano), Caroline Trentini, Gracie Carvalho, Daniela Braga e Michelle Alves. Segundo Anderson, este desfile já mudou a carreira de várias modelos. “Eu já vi muitas saindo do anonimato e se tornando grandes nomes. Há marcas que buscam as meninas que estão na VS. É realmente importante para elas profissionalmente”, comenta.
Há 21 anos trabalhando no mercado de moda e acompanhando modelos neste grande show, Anderson aprendeu o que é importante para se tornar uma top da Victoria’s Secret e revelou à Vogue. Ela deixa claro que não basta só ter um rosto bonito e corpo em forma: acima de tudo, é preciso ser uma pessoa de personalidade e atitude. “Não adianta ter um corpo escultural e não ter a personalidade. É um pacote”, garante.
“Este é um desfile diferente dos de prêt-à-porte. A modelo tem que sorrir, ser mais sexy do que nunca, simpática e ter um jogo de cintura muito forte, então não pode ser envergonhada, porque é um desfile de lingerie com o mundo inteiro assistindo. Às vezes, a menina que faz um desfile da Prada, por exemplo, não tem o perfil da Victoria’s Secret, e vice-versa. Outras se enquadram nos dois”, afirma. A dica fundamental de Dando é: “treine muito sua atitude!”
Dando diz que a marca costumava buscar meninas com o físico malhado e bronzeado, mas ele também pensa que o perfil está mudando e a grife está se abrindo mais à diversidade de belezas – prova disso é que este ano a VS terá no seu casting Winnie Harlow, que se tornou uma porta-voz do vitiligo. “Existe uma movimentação desde o último. O mundo mudou e eles estão mudando também. Vou amar ver uma trans, uma plus size na VS. Seria muito incrível para uma marca que é formadora de opinião. Quem sabe a gente não tem uma surpresa?”
Ser uma instamodel também pode dar um empurrãozinho para se tornar uma modelo da VS. De tempos para cá, a marca (que acumula mais de 61 milhões de seguidores no Instagram) tem optado por modelos que têm uma legião de followers. “Ajuda, claro. Conta muito para eles ter o desfile divulgado ao vivo por essas meninas, cada uma de um lugar do mundo.” Apesar disso, ele não acredita que este é um fator determinante. “Pode ser uma somatória, mas não acho que é o principal, porque, na verdade, a própria marca dá seguidores e status para elas e as torna infleuncers.”
E como lidar com a decepção de não ser aprovada? O fundador da agência diz que as meninas estão preparadas caso recebem um retorno negativo. “As modelos estão acostumadas com o ‘não’ desde que elas são modelos. Quando ela chega a fazer um casting da VS, ela já tem uma carreira. É mais uma frustração de um ‘não’ de um grande trabalho, como elas tem sempre. O ‘não’ da VS não vai fazer com que ela não seja uma modelo bem sucedida.”