É no showroom da Place Vendôme, num encontro com Marie Claire às vésperas do desfile da coleção Cruise 2020 da Chanel, que Patrick Goossens conta a história do ateliê da sua família. Filho de Robert Gossens, seu pai foi o primeiro joalheiro a trabalhar com Gabrielle Chanel, nos anos 50, produzindo as bijuterias de luxo e joias da marca — uma parceria que dura até hoje.
Desde 2005, o ateliê faz parte do grupo de empresas do Parrafection, um conjunto de fornecedores da marca especializados em trabalhos artesanais minuciosos que são fundamentais na confecção e produção das peças da marca — principalmente a alta-costura.
Patrick relembrou o início da carreira de Robert, que começou a trabalhar em sua casa, no boêmio bairro do Marais, atendendo importantes clientes do meio da couture europeia. “Coco Chanel e Cristóval Balenciaga eram grandes amigos. Naquela época estilistas de alta costura de casas diferentes podiam ser amigos”, brincou Patrick, que hoje toca a Goossens como principal executivo. Logo, Robert começou a fornecer peças para os dois estilistas. A princípio, elas eram inspiradas nas joias e tecidos usados nas coleções de alta costura e até nas cores dos olhos das modelos, que, na época constituiam o time permanente de cada marca.
A parceria com as marcas levou o ateliê a atender demandas de diversas maisons de luxo, criar sua própria coleção (vendida na butique da Rue Saint Honoré, a alguns quarteirões do showroom da Vendôme). Extrapolando o universo da moda, o ateliê também produz itens de decoração, como lustres, candelabros e espelhos.
Ainda hoje, as peças para a Chanel são feitas sob demanda da grife, nos ateliês da marca no subúrbio de Paris. “Boa parte das pedras, como os cristais, vem do Brasil”, disse Patrick à Marie Claire.