Moda

Alta Costura: desfile histórico da Valentino pôs diversidade na pauta (e arrancou lágrimas de Céline Dion)

O nome de Pier Paolo Piccioli está na boca de qualquer fashionista. Poderia ser pelo fato de o diretor criativo da Valentino ter recebido o prêmio de designer do ano no Fashion Awards no final do ano passado. Ou talvez por ter vestido Beyoncé em um ball gown amarelo digno de realeza para o Coachella. Mas mais do que isso, por criar um universo único e moderno para uma maison de tradição como a Valentino e produzir hits coleção atrás de coleção.

Mas Pier Paolo não é apenas um hit-maker quando o assunto é desejo de consumo mas mostrou que está comprometido em mudar o cenário da moda. O designer abriu 2019 com um dos shows mais disruptivos da semana de alta costura de Paris, com 38 modelos negras na passarela — número incomum para qualquer show. Com uma agenda proposital de diversidade, o designer escalou Naomi Campbell — uma das grandes supermodels negras, que de muitas formas, abriu caminho para mais diversidade na moda — para fechar apresentação que também levou até Céline Dion às lágrimas. “Você devolveu a beleza às mulheres”, elogiou a cantora no backstage após o desfile.

Na voz do próprio designer, que partiu com um moodboard para a coleção questionando a exclusão das mulheres negras da alta costura: “Historicamente a alta costura não foi feita para as mulheres negras. Pelo contrário”. Piccioli continuou: “Quero ressignificar os códigos que os desfiles de alta costura foram feitos para mulheres brancas”.

Pier Paolo, além de dar um exemplo de representatividade a ser seguido por outras maisons, casou seu posicionamento com uma coleção impecável, com uma maestria para a alta moda que parece crescer a cada estação. Para o verão 2019, Piccioli reinterpretou uma mágica de conto-de-fadas com uma coleção exuberante, que retrabalha de forma moderna os clássicos pilares que fazem da Valentino uma das casas mais importantes — babados com volume extra, minucioso perícia no trabalho de confecção, renda e florais com ares vintage. As plumas que cobriram chapéus desfilados no inverno 2018 voltam em capas e vestidos de volume que flutuavam graciosamente pela passarela. Tendo flores como fio condutor, cada look recebeu o nome de uma espécie, com o tema sendo trabalhado em estampas simétricas, babados em seda que lembram pétalas, rendas guipuire e finos drapeados. Um desfile para ficar para história.

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