Moda

Jogo de Poder: para onde vai o power dressing feminino?

Onde foi parar o power dressing? Foi essa a pergunta que me fiz quando assisti à Alexandria Ocasio-Cortez no South by Southwest deste ano. Não sou adepta do combo blazer, ombros marcados e salto fino, mas não deixei de notar o look eleito pela congressista americana. De blusa branca, saia camelo e o batom vermelho já característico, AOC, coincidentemente ou não, convidava os espectadores a construírem novas ordens de poder.

O que identificamos como power dressing – um código associado ao mundo corporativo e à sensualidade das working girls dos anos 80, com seus terninhos de alfaiataria e saias na altura do joelho – vem sendo desconstruído, com as referências mais diversas espalhadas nas passarelas. A Saint Laurent desfilou blazers-vestido com ombreiras, ligando a ideia de poder a mulheres sensuais e donas do próprio corpo. Mais delicada, a Celine preferiu as blusas pussybow, popularizadas por Margaret Thatcher. Já a Burberry apostou na austeridade das gravatas, lembrando o workwear masculino.

Vivemos a efervescência de uma onda feminista que questiona a velha ordem, desde a luta por direitos reprodutivos até a desigualdade de salários. Vejo a desconstrução desses modelos pulverizadas pela moda. Exemplos: o grupo financeiro americano Goldman Sachs recentemente flexibilizou seu dress code, liberando o uso de looks mais casuais. Já a Virgin Airlines não obriga mais suas comissárias a usarem saia ou maquiagem. No ano passado, Emma Thompson foi receber uma condecoração da Rainha Elizabeth II de tênis.

Adoro ver o power dressing nesse lugar indefinido. Que melhor momento do que esse para inventarmos, nós mesmos, um novo código – ou até nos questionarmos se precisamos de um? Como bem disse Ocasio-Cortez, essa é a hora de “começar a construir nosso próprio poder”. E que forma mais gostosa de fazê-lo do que pelo guarda-roupa?

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