Verão com praia, Carnaval em março… Temos fevereiro inteiro para curtir o pré-Carnaval. Então, que venha o preparo para blocos, fantasias e pochetes! Já faz uns anos que as pochetes voltaram com tudo e com nova roupagem, saindo do limbo de “coisa brega” para se tornar parte do vestuário de jovens brasileiros. No Carnaval, são artigos essenciais para curtir a festa e garantir que se guarde com segurança seus artigos básicos e necessários. Tudo isso sem perder o estilo, afinal, elas possuem várias cores, formatos, símbolos, e foi pensando nisso que nossa primeira entrevista para o #EmpreendedorasNegras deste ano é Daiane Lucio, a criadora e empreendedora responsável pela Dai Bags. Aproveite a entrevista e a dica:
Stephanie Ribeiro – Como nasceu a ideia de criar uma marca de bolsas e pochetes?
Daiane Lucio – Em 2009, quando eu estava próximo de completar 20 anos, com a vontade de ter uma bolsa diferente das que eu via em lojas convencionais. Após me formar em gastronomia e ficar desempregada por um período, comprei retalhos de tecido, cortei e pintei as três primeiras sacolas à mão, e minha mãe costurou. A partir da grana da primeira venda feita para uma amiga, continuei fazendo mais sacolas e passei a divulgar na internet.
SR – Como foi o processo para se capacitar como empresária?
DL – Como disse, sou formada em gastronomia e não tenho nenhuma formação em cursos como moda ou administração. Mas, após ficar desempregada, vi que não era o que queria pra mim naquele momento. Foi aí que comecei com as bolsas. Sempre que posso, faço cursos para aprimorar o que já sei e acrescentar novos conhecimentos, trocando ideias com pessoas novas. O último curso que fiz, por exemplo, foi pelo Empreende Aí, que é um negócio de impacto social que capacita novos empreendedores – com foco no público negro e periférico.
SR – Você participa de todo processo criativo da sua marca? Como é cada etapa?
DL – Sim! Primeiro, faço uma pesquisa de materiais, pesquiso o que tá rolando com as marcas que gosto e vou anotando todas as ideias e influências possíveis. Desde o que vejo em séries/filmes até os vídeos de músicas que gosto. Desenvolvo os moldes em cima do material que tenho e das ideias, faço o corte e passo para a costureira.
SR – O que você acha que diferencia seu produto do que se vende em grandes lojas?
DL – Acho que o meu diferencial é a ousadia dos modelos e ter a pegada mais artesanal. No fim das contas, todos os detalhes são feitos à mão e isso mantém a marca de um jeito mais “especial”. Além de ter um estilo próprio, minha mão passa por cada peça que vendo.
SR – Qual produto mais reflete a identidade de sua da Dai Bags?
DL – Acho que as pochetes com formatos divertidos. Apesar de eu fazer algumas bolsas um pouco mais básicas, a galera curte as mais ousadas, como as pochetes de frutas e as de alien.
SR – Fale mais sobre suas pochetes: estamos chegando perto do Carnaval e elas são muito usadas nessa época. Como você se prepara?
DL – Coloco pochetes em praticamente todas as coleções. Então, além dos modelos das coleções anteriores, sempre lanço algum modelo novo exclusivamente para o Carnaval. Nesse período, o trabalho aqui é intenso, pois são várias estampas recortadas e coladas à mão, além do trabalho da minha costureira (que é maravilhosa) e as entregas. Faço quase tudo sozinha! Então, vou preparando o estoque alguns meses antes.
SR – Então você trabalha por coleção? Como define cada uma? Do que se trata a deste verão?
DL: O meu trabalho é bem solto. Não faço coleção por estação e, sim, por intuição, quando as ideias querem se colocar pra fora. Mas o período que me chama mais pra produzir, com certeza, é o verão! É a fase do ano que mais amo, a mais quente, quando as pessoas estão mais festivas e animadas. A coleção deste verão é inspirada nesta alegria, e a campanha foi feita com mulheres reais, que querem se divertir com as amigas nesta estação de um jeito divertido, descontraído e mais colorido. Isso é a cara da Dai Bags!
SR – Você acredita que empreender é uma forma de garantir a emancipação da mulher e/ou negros?
DL – Com certeza! Principalmente se houver um apoio entre marcas de empreendedores e artistas negros, como bazares ou festivais. Acredito muito nos trabalhos independentes e tenho visto uma juventude negra muito criativa e ativa, que faz a coisa acontecer por conta própria. Tem muita gente fazendo coisas legais e acho que essa união entre todos pode fazer dar certo cada vez mais.
SR – Dai, se pudesse dar uma dica para quem pretende empreender, qual seria?
DL – O essencial é fazer algo que se gosta muito e acreditar em sua ideia. Sabe aquela ideia ou projeto que você tem orgulho de contar para as pessoas que foi você quem fez? A partir disso tudo flui!